Iago Mattos
Reportagem
Jornalista formada pela Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), com atuação nas áreas de podcast, telejornalismo e sites. Natural de Pelotas (RS).
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A onça-pintada (Panthera onca) que matou em 21 de abril o caseiro Jorge Avalo, de 60 anos, na região conhecida como Touro Morto, em Aquidauana, no Pantanal sul-mato-grossense, foi enviada para uma unidade do Instituto Ampara Animal em Amparo (SP). O felino, um macho com cerca de nove anos que recebeu o nome Irapuã, agora viverá em um recinto adaptado com foco no seu bem-estar e na conservação da espécie.
A transferência foi coordenada por órgãos ambientais federais e estaduais após a avaliação do risco de novos incidentes. O animal, que foi capturado três dias após o ataque ao caseiro, apresentava comportamento de excessiva habituação ao ser humano, impossibilitando sua reintegração à natureza. Antes de seguir para São Paulo, a onça permaneceu no Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (Cras), em Campo Grande (MS), onde ganhou 13 quilos e passou por uma bateria de exames clínicos e laboratoriais.
“Estamos falando de um animal que perdeu parte de seus instintos naturais de fuga. Isso torna sua presença em áreas rurais perigosas tanto para ele quanto para as pessoas”, explicou o veterinário e responsável técnico pelo mantenedor de fauna e do criadouro científico para fins de conservação do Instituto Ampara Animal, Jorge Salomão.
No novo lar, a onça-pintada está em um espaço exclusivo que simula as condições de seu hábitat de origem. O recinto contará com área aquática ampliada e estímulos naturais, respeitando o comportamento típico da espécie, como nadar e circular por áreas alagadas. O local não é aberto à visitação pública, priorizando a tranquilidade e a reabilitação emocional do animal.
“Nós sabemos que o cativeiro nunca é o fim ideal para nenhum animal silvestre. Mas diante das circunstâncias, essa é a melhor alternativa para esse indivíduo. Vamos garantir que ele tenha qualidade de vida, com respeito, dignidade e estímulos adequados”, afirmou a fundadora e presidente do Instituto Ampara Animal, Juliana Camargo.
O caso foi acompanhado de perto pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap), vinculado ao ICMBio, e pela Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação do Mato Grosso do Sul. A transferência segue as diretrizes do Plano de Manejo Populacional para a Onça-Pintada, parte do Plano de Ação Nacional para a Conservação de Grandes Felinos.
Hoje, o Instituto Ampara Animal já mantém oito onças em seu espaço, cinco pintadas e três pardas, todas vítimas de interferência humana e que, por diferentes razões, não podem ser reintroduzidas na natureza.