Iago Mattos
Reportagem
Jornalista formada pela Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), com atuação nas áreas de podcast, telejornalismo e sites. Natural de Pelotas (RS).
A onça-pintada (Panhera onca) que matou o caseiro Jorge Ávalo, de 60 anos, no Pantanal sul-mato-grossense foi capturada na madrugada de hoje. A ação envolveu a PM Ambiental e pesquisadores. O felino, um macho com 94 quilos, foi levado para o Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (Cras) do governo do Estado, em Campo Grande.
Como a onça havia voltado a rondar a casa de Jorge, em um pesqueiro na região conhecida como Touro Morto, em Aquidauana, dez armadilhas de laço foram instaladas no entorno e imediações. O animal foi capturado exatamente ao lado da casa.
A onça foi anestesiada pela equipe técnica, coordenada pelo veterinário e pesquisador da ONG Reprocon, Gediendson Ribeiro de Araújo. A primeira impressão da equipe foi de que o felino está magro. Ele foi transportado de barco até o município de Miranda e via terrestre para o Cras, onde passará por exames e avaliações comportamentais.
O veterinário e pesquisador Gediendson logo após a captura da onça – Vídeo: PM Ambiental MS
O comandante da Polícia Militar Ambiental, coronel José Carlos Rodrigues, afirmou que havia a prática da ceva – ação de ofertar alimento para um animal selvagem com a intenção de permitir a aproximação de pessoas – no pesqueiro onde Jorge foi morto.
“Uma das poucas certezas até o momento é a de que havia oferta de alimento, conhecido como ceva, para atrair animais silvestres no local. A prática, além de configurar crime ambiental, é extremamente perigosa, pois pode provocar alterações no comportamento natural dos animais”, afirmou o comandante da Polícia Militar Ambiental, coronel José Carlos Rodrigues.
O corpo de Jorge foi encontrado por um guia turístico, que estava acompanhado de policiais e foi atacado pela onça, sofrendo ferimentos no braço. Ele conseguiu escapar e foi encaminhado para atendimento médico em Miranda.
Estamos diante de um caso muito atípico. Esse não é um comportamento habitual da espécie”, afirmou o secretário-executivo da Semadesc, Artur Falcette. Para ele, a captura do animal era essencial para entender o que motivou esse ataque.
A veterinária, professora da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul e pesquisadora do Reprocon, Thyara Deco, ressaltou em vídeo nas redes sociais que ataques de onça-pintada a humanos são extremamente raros e, em geral, relacionados a situações de provocação, estresse ou alterações comportamentais causadas por interferência humana.
O futuro da onça é incerto. Ainda não há definição se o animal será mantido em cativeiro ou se, após os atendimentos, retornará à vida livre.