Micos-leões-dourados e saguis são apreendidos em Rondônia a caminho da fronteira

Oito micos-leões-dourados (Leontopithecus rosalia) e três saguis-de-tufos-pretos (Callithrix penicillata) foram apreendidos por uma equipe da Polícia Rodoviária Federal (PRF), ontem (7 de agosto), em Porto Velho (RO). Uma pessoa foi detida. Os animais estariam sendo levados para Roraima, Estado próximo da Guiana e do Suriname, de onde traficantes de fauna têm exportado animais brasileiros.

De acordo com a PRF, os policiais abordaram o veículo na BR-364 durante ações de fiscalização rotineiras. A baixa velocidade do carro, um Etios branco, chamou a atenção da equipe. Ao se aproximarem do veículo, foi possível ver gaiolas no banco traseiro e ouvir a vocalização dos animais.

Os micos-leões-dourados – espécie ameaçada de extinção – estavam em gaiolas no banco traseiro. Já os saguis (um deles era albino) foram encontrados no porta-malas. Eles foram levados para o Centro de Triagem de Animais Silvestres do Ibama, que fica em Porto Velho.

A PRF informou que o motorista do carro disse ter recebido R$ 25 mil para levar os animais de Belo Horizonte (MG) até Pacaraima (RR), município que fica na divisa com a Venezuela e próximo da Guiana. O suspeito foi detido e levado para a Delegacia da Polícia Federal, onde foi autuado em flagrante por receptação e maus-tratos. Ele ficou preso.

Tráfico de micos-leões-dourados: Guiana e Suriname são rotas

Em 2020, o Fauna News publicou a reportagem “Novos casos de tráfico de araras-azuis-grandes e micos-leões-dourados deixam ambientalistas em alerta”, em que se alertava para um aumento do tráfico de animais de espécies silvestres nativas ameaçadas de extinção do Brasil. Apreensões de micos-leões-dourados já estavam acontecendo dentro e fora do Brasil e preocupavam os profissionais da Associação Mico-Leão-Dourado, entidade que desde a década de 1980 luta contra o tráfico da espécie e trabalha pela conservação desses animais.

Recentemente, novos casos de tráfico de micos-leões-dourados voltaram a chamar a atenção para o problema.

Em julho do ano passado, 29 araras-azuis-de-lear (Anodorhynchus leari) e sete micos-leões-dourados foram apreendidos no Suriname. Os animais seriam enviados para a Europa por um comerciante que atuava no país e fraudava a documentação de exportação de fauna. Esse caso chamou muito a atenção pelo fato de que, na madrugada de 22 de agosto, horas antes de os animais retornarem ao Brasil, 23 das 29 araras foram furtadas de uma garagem do Serviço Nacional de Florestas (LBB), em Zanderij, município distante 50 quilômetros da capital, Paramaribo. Uma equipe de técnicos do governo brasileiro havia embarcado em um avião da Polícia Federal com o objetivo de trazer as aves e os primatas de volta quando o furto das aves foi divulgado.

No começo de fevereiro deste ano, 20 micos-leões-dourados e 12 araras-azuis-de-lear foram encontrados dentro de um barco na costa de Togo, na África, que teria saído da Guiana ou do Suriname. Três primatas estavam mortos. Quatro homens foram detidos. As aves e os primatas foram repatriados e chegaram ao Brasil em 24 de fevereiro.

Micos ameaçados de extinção

Na década de 1960, estimativas indicavam a existência de somente 200 micos-leões-dourados vivendo livres na natureza. A derrubada da Mata Atlântica fluminense – a espécie existe somente em uma região do estado do Rio de Janeiro – e a exportação de animais para criação doméstica e zoológicos foram identificadas como as principais causas do problema.

Atualmente, após muito trabalho envolvendo diversas entidades e o poder público, a população dos micos-leões-dourados é de cerca de 4.800 animais. Apesar dos avanços, esses primatas continuam ameaçados de extinção (“em perigo” pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima e pela União Internacional para a Conservação da Natureza), sendo que a falta de florestas é o principal obstáculo para a conservação da espécie.