Araras-azuis-de-lear que seriam devolvidas ao Brasil são furtadas do governo do Suriname

Horas antes de retornarem ao Brasil, 23 das 29 araras-azuis-de-lear (Anodorhynchus leari) vítimas do tráfico de fauna que estavam no Suriname foram furtadas. Os animais, que estavam sob responsabilidade do governo daquele país, desapareceram de uma garagem do Serviço Nacional de Florestas (LBB), em Zanderij, município distante 50 quilômetros da capital, Paramaribo, na madrugada de hoje. Uma equipe de técnicos do governo brasileiro estava em um avião da Polícia Federal com o objetivo de trazer os animais de volta quando o furto das aves foi divulgado.

Em julho, as 29 araras-azuis-de-lear e sete micos-leões-dourados (Leontopithecus rosalia), espécies que só existem no Brasil, foram apreendidos no Suriname. O destino dos animais seria a Europa. Desde então, negociações entre os dois governos foram iniciadas para a repatriação dos animais.

Hoje pela manhã, o governo brasileiro anunciou ter enviado uma equipe com veterinários e especialistas do ICMBio e do Ibama, além de policiais federais, para repatriarem as aves e os primatas. O voo partiu de Brasília, com escala em Belém, com destino a Paramaribo. O retorno está planejado para amanhã, tendo como destino o Aeroporto Internacional de São Paulo em Guarulhos (SP).

Surpreendentemente, uma hora após o governo brasileiro ter anunciado a partida dos técnicos, a imprensa do Suriname divulgou o desaparecimento das aves. De acordo com a Força Policial do Suriname (KPS), a “investigação preliminar da polícia revelou que os suspeitos levaram 23 das araras que estavam alojadas em uma garagem bem segura entre 1h e 3h da manhã. Os suspeitos também fugiram com os cadeados usados para proteger a garagem.”

A polícia do Suriname informou não ter suspeitos, mas conta com a imagem de um veículo que pode ter sido usado pelos traficantes de fauna. As araras restantes e os sete micos-leões-dourados estão com retorno confirmado.

As araras-azuis-de-lear, nativas do sertão baiano, e os micos-leões-dourados, nativos da Mata Atlântica fluminense, são espécies que estão ameaçadas de extinção e são bastante valorizadas no comércio ilegal internacional.