Ao menos sete hidrelétricas de pequeno porte, as chamadas PCHs, estão planejadas nos principais rios onde sobrevive o criticamente ameaçado de extinção Mergus octosetaceus, o pato-mergulhão, na Chapada dos Veadeiros, porção ainda conservada de cerrado no nordeste de Goiás.
O alerta foi publicado na revista Journal Of Social, Technological and Environmental Science, por cientistas que identificaram as moradas regionais do animal e coletaram ovos para reprodução em cativeiro. As ações são conectadas a um plano nacional para evitar o extermínio da ave.
Barrar cursos d’água é um dos motores que reduziram a população do pato-mergulhão para estimadas 250 aves, exclusivas da América do Sul. No Brasil, habitam rios em áreas com até 1.300 metros de altitude, como os parques nacionais da serra da Canastra (MG) e da Chapada dos Veadeiros, e os parques estaduais do Jalapão (TO) e da Serra do Mar (SP).
Ameaças ao pato-mergulhão
Desmatamento e poluição engrossam as ameaças ao futuro do raro animal, que costuma ocupar territórios ao longo de aproximadamente 15 quilômetros de rios. Com até 65 centímetros de comprimento, esses exímios nadadores se alimentam basicamente de peixes, que só capturam graças à existência de água corrente, cristalina e pura.
O trabalho dos cientistas brasileiros destaca igualmente que, na Chapada dos Veadeiros, o pato-mergulhão vive especialmente na Área de Proteção Ambiental (APA) do Pouso Alto, uma unidade de conservação estadual alvo de intenso desmate pela agropecuária, demonstrou O Eco.
Conter as ameaças à espécie depende de ampliar estudos sobre sua ecologia, restringir a criminalidade e as licenças para eliminar a vegetação nativa e instalar hidrelétricas, conter o uso de agrotóxicos e criar mais unidades de conservação de proteção integral, que reduzem a presença de pessoas.