O governo federal proibiu por tempo indeterminado, nesta segunda (3 de julho), a pesca da piracatinga (Calophysus macropterus) em todo o país. A captura da espécie está proibida desde 2015 – com histórico de renovações em 2020, 2021 e 2022 – principalmente devido ao uso do boto-vermelho, espécie ameaçada de extinção, como isca. A proibição não se aplica à captura para pesquisa científica, com autorização de órgão ambiental competente, e à pesca de subsistência.
A portaria, assinada pelos ministros da Pesca e Aquicultura, André de Paula, e Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, mantém a proibição, logo após o fim do prazo da última moratória, ocorrido neste domingo (2 de julho). O texto abre a possibilidade para uma reavaliação da proibição “em até 3 anos”, caso dados de pesquisas científicas comprovem a sustentabilidade da atividade, diz a portaria dos ministérios da Pesca e Meio Ambiente e Mudança do Clima. Se não existirem esses dados, a proibição se mantém.
Características da piracatinga
A piracatinga, também conhecida como urubu d’água pela sua alimentação baseada em animais mortos, é uma espécie de bagre que começou a ser intensamente pescada na Amazônia a partir dos anos 2000. Destinada principalmente ao mercado colombiano, a espécie substituía um outro bagre apreciado na culinária do país vizinho, o capaz (Pimelodus grosskopfii), que sofria com a sobrepesca.
Porém, devido a seus hábitos alimentares, a piracatinga acumula uma quantidade de mercúrio em seu organismo até três vezes maior que o limite recomendado pela Organização Mundial de Saúde, de 0,5 mg/kg, o que levou à proibição de sua entrada na Colômbia em 2017. Apesar disso, grandes apreensões de piracatinga ainda acontecem por aqui. No Brasil, o peixe costuma ser vendido com o nome “fantasia” de douradinha em mercados de Manaus e outras regiões.