Mais de 11 mil animais são resgatados pelos bombeiros no Ceará e a maioria é silvestre

O Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará (CBMCE) resgatou, em 2023, 11.008 animais em todo o Estado, com destaque para Fortaleza e a região metropolitana, especialmente nas áreas periféricas. Esse dado inclui domésticos (15%) e silvestres (85%), tanto nativos quanto exóticos. O número é um recorde da corporação, superando em 13,73% o ano de 2022, que contou com 9,6 mil resgates, além dos anos anteriores: 2021 com 6,2 mil; 2020 com 5,2 mil e 2019 com 3,9 mil.

Segundo a major do CBMCE, Juliany Freire, o aumento dos resgates se deve a uma série de fatores, tais como a estação chuvosa de 2023 com alguns recordes de precipitação – e é justamente a época em que alguns animais, como sapos, cobras e lagartos, saem de seus abrigos para se reproduzir – e o aumento do desmatamento e das queimadas. Outros fatores incluem a urbanização da zona rural cearense e a construção de residências próximas a mangues, rios e lagoas. Outro ponto em destaque é a atuação do corpo de bombeiros nas mídias sociais, que tem chamado a atenção da população, resultando em uma quantidade maior de acionamentos.

Ação humana gera perda de hábitat

A maior parte dessas causas significa a perda de hábitat para os animais silvestres, em especial as cobras, que compõem 70% dos  silvestres resgatados. A herpetóloga Thabata Cavalcante explica que o constante aparecimento de serpentes em residências, por exemplo, ocorre porque esses répteis, com hábitat incendiado, buscam abrigo e lugar seco, além de alimentos, como ratos.

Outro animal citado pelos bombeiros foi a iguana. De acordo com Thabata, esse animal consegue viver em ambientes urbanos com algum resquício de vegetação, o que os deixa suscetíveis a diversos tipos de perigo longe de seu hábitat.

A remoção da vegetação expõe os animais a diversas ameaças, como atropelamentos, envenenamento e doenças. Além disso, altera a dinâmica de vida deles, impactando diretamente na reprodução e continuação das espécies”, afirma Thabata.

Nesse sentido, a herpetóloga enfatiza que é fundamental a proteção dos ambientes naturais para mitigar a migração da fauna silvestre para o ambiente urbano.