![Fauna News](https://faunanews.com.br/wp-content/uploads/2021/05/corujinha-de-alagoas-Gustavo-Malacco.jpg)
Por Liz Kimbrough
Mongabay
contato@faunanews.com.br
“São corujinhas lindas, provavelmente com 13 a 15 centímetros de comprimento e com tufos de penas na cabeça”, disse John Bates, curador de aves no Museu Field de Chicago e um dos pesquisadores que descreveram a nova espécie na revista científica Zootaxa. “Algumas são marrons, outras são cinzentas e outras, ainda, ficam no meio termo [entre as duas cores].”
A descoberta é resultado de vários anos de trabalho em florestas, acervos de história natural e análises em laboratório do complexo da corujinha-sapo/corujinha orelhuda (Megascops atricapilla–Megascops watsonii), um grupo de corujas cujo número total de espécies é incerto. Ao todo, os pesquisadores analisaram 252 espécimes, 83 gravações de gritos e 49 amostras genéticas.
“Para atrair os pássaros, nós usamos gravações”, disse Bates. “Nós gravamos os seus gritos e depois os reproduzimos. As corujas são territoriais e, ao ouvir as gravações, saem para defender seu território.”
Examinando de perto a aparência, os gritos e o DNA das corujas, os cientistas determinaram que havia diferenças suficientes para classificar duas espécies como novas.
As novas corujas foram denominadas corujinha-de-Alagoas (Megascops alagoensis), em referência ao estado nordestino onde vive, e corujinha-do-Xingu, (Megascops stangiae) em homenagem ao Rio Xingu, na Amazônia, e à falecida irmã Dorothy Mae Stang, ativista dos direitos à terra nascida nos Estados Unidos e radicada no Brasil. A freira católica foi assassinada em 2005.
Embora sejam novas para a ciência, as corujas estão em risco de extinção e provavelmente serão classificadas como em perigo crítico.
“As duas novas espécies estão ameaçadas pelo desmatamento”, disse Jason Weckstein, coautor do estudo, professor associado e curador de ornitologia da Academia de Ciências Naturais da Universidade Drexel. “A corujinha-do-Xingu é endêmica da área mais atingida pelos incêndios que ocorreram na Amazônia em 2019, e a corujinha-de-Alagoas deve ser considerada em perigo crítico devido à ampla fragmentação florestal na minúscula área onde ocorre.”
![](https://faunanews.com.br/wp-content/uploads/2021/05/coruja-do-xingu-Kleiton-Silva.jpg)
A corujinha-de-Alagoas foi encontrada em apenas cinco fragmentos isolados de Mata Atlântica. Restam em torno de 10% do bioma, que é um dos mais biodiversos do planeta.
Antes da descoberta, as novas espécies de coruja estavam agrupadas com duas outras espécies da América do Sul: a corujinha-sapo e a corujinha-orelhuda. Com 21 espécies nas Américas, seu gênero, Megascops, é o mais rico em espécies do Hemisfério Ocidental. No entanto, muitas são parecidas, por isso tem sido difícil determinar quais delas são espécies diferentes.
![](https://faunanews.com.br/wp-content/uploads/2021/05/sidnei-dantas-John-Bates-Museu-Field.jpg)
“As corujas são consideradas um grupo bem conhecido em comparação com alguns outros tipos de organismos nessas áreas”, diz Bates. “Mas quando a gente começa a ouvir essas aves e compará-las em toda a extensão geográfica, descobre que há aspectos que as pessoas não haviam notado. É por isso que essas novas espécies estão sendo descritas.”
“Nem mesmo entre ornitólogos profissionais que trabalharam a vida toda com corujas haveria consenso sobre o número real de espécies encontradas nesse grupo”, diz Alex Aleixo, chefe da equipe de pesquisa responsável pelo estudo e curador de aves no Museu Finlandês de História Natural, da Universidade de Helsinque, “então um estudo como o nosso é esperado há muito tempo”.