DF ganha Dia de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres. É só mais um…

A melhor ferramenta para combater o tráfico de fauna é a educação ambiental. Afinal, se as pessoas forem sensibilizadas e conscientizadas dos problemas gerados por esse crime e pararem de capturar e comprar animais silvestres para transformá-los em bichos de estimação, não há comércio. É um trabalho que demora, mas tem efetividade.

Lógico que educação ambiental somente não funciona. Repressão policial, legislação eficiente, ações contra pobreza em áreas de apanha e venda e infraestrutura para receber, reabilitar (quando possível) e dar destinação a animais apreendidos são fundamentais.

É preciso destacar que a educação ambiental deveria ser o pilar mais forte de um planejamento de combate ao tráfico de animais silvestres, que deveria ser parte de uma política pública nacional de conservação de fauna silvestre. Entretanto, o Brasil (União) não tem uma. Tampouco Estados e Municípios tem as suas.

Como muita coisa nesse país, investimos tempo em ações pouco eficazes e que até contradizem as ações do poder público. Veja, o Distrito Federal acaba de instituir o 29 de setembro como Dia de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres. Desde 2018, nesse mesmo dia essa data está no calendário oficial de São Paulo. Em Sergipe, é em 22 de setembro. Em Goiás e Rio de Janeiro, o Dia Estadual de Repressão ao Tráfico de Animais Silvestres é em 1º de dezembro.

A crítica não está no fato de o poder público instituir essas datas, que poderiam ser parte da educação ambiental de uma política pública. O problema está exatamente no fato de não haver uma política pública que contemple o combate ao tráfico de fauna. União, Estados e alguns Municípios ainda enxergam o problema como uma questão pouco importante e exclusiva para agentes de fiscalização e policiais combaterem.

E já está mais do que provado que somente a repressão não vai resolver o comércio ilegal de fauna. São poucos agentes, boa parte desestimulada e que ainda tem de trabalhar com infraestrutura precária e com uma legislação que não ajuda. Para piorar, no geral, Ministério Público e Judiciário também enxergam o problema como um mal menor.

Nós, brasileiros, gostamos de ter bicho silvestre preso em nossas casas. É fato! E isso só vai mudar com uma política multisetorial que privilegie a educação ambiental. Sem mudança no modo de pensar, não vamos a lugar algum.