Servidores do Ibama suspeitos de desvio de animais de Cetas do RS

Esquema envolvia envio ilegal dos animais para criadouros e recebimento de dinheiro.

Ricardo Melo
Reportagem e newsletter

Nascido em 1999 em Recife (PE), cresceu observando a diminuição das espécies e o aumento do calor, o que o levou diretamente ao jornalismo ambiental para indagar tais questões.
Graduou-se, em 2023, no curso de Jornalismo pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Tem experiências do jornalismo impresso, on-line e radiofônico/podcast, provindas tanto da graduação quanto de participações em prêmios, ganhando duas vezes o Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão em colaboração com equipes.
É mestrando em Linguística no Programa de Pós-Graduação em Letras pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), tendo como linha de pesquisa a Análise de Discurso, na qual estuda as relações entre o Jornalismo, a linguagem, o meio ambiente e a biodiversidade.

16 de dezembro de 2024

FAUNA NEWS Servidores do Ibama suspeitos de desvio de animais de Cetas do RS

Animais silvestres recepcionados pelo Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do Ibama de Porto Alegre (RS) estavam sendo ilegalmente enviados para plantéis de criadouros comerciais não autorizados. A Polícia Federal (PF) e o próprio Ibama e a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema) apontaram que dois servidores do órgão ambiental federal e um terceiro homem estariam por trás dos crimes.

No dia 10, a PF deflagrou a Operação Celeno a fim de desarticular uma associação criminosa que seria responsável pelo desvio de animais silvestres do Cetas de Porto Alegre e pela falsificação de informações em sistemas de controle do instituto. Foram executados seis mandados de busca e apreensão na capital gaúcha e em Arroio do Meio (RS), além de dois mandados de afastamento de cargo público por 60 dias dos dois servidores suspeitos, expedidos pela 7ª Vara da Justiça Federal.

De acordo com o Ibama, nos dias 11 e 12, na Região Metropolitana de Porto Alegre e em Tramandaí (RS), 411 aves silvestres de origem ilegal foram apreendidas com criadores amadores de pássaros. Foram emitidos 14 autos de infração que somam R$ 2,5 milhões em multas. Os animais foram encaminhadas para o centro de triagem.

Porém, até o momento, o Ibama não dispõe do número total de animais que foram desviados do Cetas.

Servidores afastados

As investigações revelaram que criadouros recebiam os animais do Cetas por intermediação de três pessoas. Em nota, o Ibama informou que os criadouros “envolvidos recebiam do Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) animais silvestres ilegalmente para integrar seus plantéis”.

Ainda segundo a nota, dois servidores do Ibama e um terceiro envolvido ofereciam os animais desviados do Cetas e alegavam se tratar de um processo de reabilitação para futuros criadores comerciais.

“O esquema envolvia desvio de animais para fins ilícitos, fraudes em sistemas de controle de criadores comerciais, incluindo a emissão irregular de autorizações e alterações fraudulentas no plantel dos criadouros. Em troca, os envolvidos recebiam pagamento. Para dar suporte à fraude, dados falsos eram inseridos no sistema Sisfauna, permitindo a homologação dos empreendimentos sem vistoria ou análise documental”, afirma nota da PF.

O Sisfauna – Sistema Nacional de Gestão de Fauna Silvestre – é um sistema eletrônico de gestão e controle dos empreendimentos e atividades relacionadas ao uso e manejo da fauna silvestre em cativeiro em território nacional. Somente o Estado de São Paulo não o utiliza, por ter sistema próprio. Qualquer espécime, quando entra ou sai de um empreendimento de fauna (como Cetas, criadouros comerciais, zoológicos, mantendouros, etc.), deve ter sua movimentação registrada no sistema.

Segundo a PF, os crimes até então apurados correspondem a associação criminosa, peculato e inserção de dados falsos em sistemas. O Ibama, a PF e a Sema continuam realizando as investigações.

Sobre o autor / Ricardo Melo

Nascido em 1999 em Recife (PE), cresceu observando a diminuição das espécies e o aumento do calor, o que o levou diretamente ao jornalismo ambiental para indagar tais questões. Graduou-se, em 2023, no curso de Jornalismo pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Tem experiências do jornalismo impresso, on-line e radiofônico/podcast, provindas tanto da graduação quanto […]