Tradicionalmente, os especialistas e entendidos em tráfico de fauna pregam que os Estados das regiões Norte, Nordeste e Centro-oeste são os fornecedores de animais para os do Sudeste e Sul. Chama sim a atenção o fato de as regiões metropolitanas de São Paulo e do Rio de Janeiro serem o palco de um intenso mercado negro de silvestres, boa parte deles vindo das chamadas regiões “fornecedoras”.
Mas isso não quer dizer que inexista um caminho inverso. Principalmente no Nordeste há um intenso e grande comércio clandestino de animais silvestres, com destaque para as feiras que ocorrem em grandes cidades como Recife (e suas vizinhas) e João Pessoa, por exemplo. A comprovação está no recente envio de vítimas desse mercado negro para seus habitat em São Paulo.
“Pela primeira vez em quase dois anos, a Agência Pernambucana de Meio Ambiente (CPRH) realiza o repatriamento de 11 aves resgatadas em ações de fiscalização no estado. Na manhã desta quarta-feira, seis coleirinhos (Sporophila caerulescens), um pintassilgo (Sporagra magellanica), um tico-tico- rei (Lanio cucullatus), uma araponga (Procnias nudicollis) – também conhecido popularmente como ferreiro – e dois pixoxós (Sporophila frontalis) voltarão à região de origem.
Nesta noite, elas foram encaminhadas para o Aeroporto Internacional do Recife/Guararapes – Gilberto Freyre em caixas de transporte de animais silvestres, onde aguardarão horário de embarque para São Paulo, onde serão recebidas pela Divisão Técnica de Medicina Veterinária e Manejo da Fauna Silvestre do Departamento de Parques e Áreas Verdes (Depave) da Prefeitura de São Paulo.
Através de nota oficial, a CPRH informou que essas espécies não são naturais de Pernambuco e só chegaram ao estado através do tráfico de animais.” – texto da matéria “CPRH realizar o repatriamento de 11 aves que foram traficadas para o estado”, publicada em 29 de setembro de 2015 pelo site do Diário de Pernambuco
O retorno desses animais é uma ótima notícia. Que o trabalho para a soltura deles seja cuidadoso e técnico para coroar de sucesso o esforço.
E que o caso sirva para lembrar que existe uma mão-dupla nas rotas do tráfico, com os tradicionais centros “consumidores” de bichos (como São Paulo) atuando também no papel de “consumidores”.
Vale lembrar que, de acordo com estimativa de 2001 da Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (Renctas), 38 milhões de animais silvestres são retirados da natureza brasileira todos os anos para abastecer o mercado negro de fauna.
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