
Por Dimas Marques
Jornalista, pesquisador do Diversitas-USP e editor responsável do Fauna News
dimasmarques@faunanews.com.br
“Foi inaugurado em Anápolis o Centro Voluntário de Reabilitação de Animais Selvagens (Cevas) que será um espaço de acolhimento de animais silvestres que forem encontrados na região de Anápolis, na maioria das vezes, machucados. A iniciativa é da veterinária Elisângela Sobreira que já desenvolvia a atividade no município e que agora conquistou novos parceiros.
(…) A idealizadora do projeto ressaltou a importância da conquista de parceiros no projeto, desde os colaboradores que ajudaram na cessão do espaço e aqueles que contribuíram construção da estrutura onde os animais receberão tratamento. “Batalhei muito para que Anápolis tivesse um local adequado para acolher nossos animais e hoje é realidade”, comemorou Sobreira.
Localizado no setor de chácaras próximo a BR-414, já no lançamento do projeto, estavam recebendo atenção cinco animais silvestres: um jabuti, uma cotia, um tucano, uma coruja e uma maritaca. Como o projeto é voluntário e não recebe verbas públicas, quem quiser ajudar com medicamentos e insumos é só entrar em contato com o telefone especificado abaixo. É por ele também que a população pode verificar como proceder caso encontre algum animal silvestre em situação insalubre na cidade.” – texto da matéria “Centro Voluntário de Reabilitação de Animais Selvagens é inaugurado em Anápolis”, publicada em 4 de março de 2017 pelo site do jornal A Voz de Anápolis (GO)
A falta de investimentos do poder público na fauna silvestre não é novidade. O país não tem sequer uma Política Nacional de Fauna. Então, é possível imaginar a situação dos Estados e municípios.
Um dos principais problemas da gestão de fauna do país e a falta de centros de atendimento de animais silvestres, que deveriam receber, das assistência e destinação aos bichos que são apreendidos, resgatados ou entregues pelos órgãos de fiscalização e pela população. E como os casos de apreensão de animais com traficantes ou em cativeiro doméstico não param, bem como os resgates de bichos atropelados, com queimaduras resultantes de queimadas ou da rede de distribuição de eletricidade ou simplesmente perdidos em área urbana, quem se dedica a cuidar da fauna, muitas vezes, não espera pela ação dos governantes.
É o caso da veterinária Elisângela de Albuquerque Sobreira, que acaba de inaugurar o Centro Voluntário de Reabilitação de Animais Selvagens (Cevas). “Havia uma grande demanda de um local para cuidados médico-veterinários aos animais silvestres resgatados pelos bombeiros. Quando não podiam levar ao Ibama em Goiânia, acabavam levando para minha residência para receberem cuidados”, conta. Veterinária da prefeitura de Anápolis (GO), mestre em Ecologia e Evolução e doutoranda em Animais Selvagens, ela já foi chefe da Divisão de Estudos e Pesquisas da Fauna na Agência Municipal do Meio Ambiente da Prefeitura de Goiânia e pesquisadora Projeto ASAS (Áreas de Solturas de Animais Silvestres) do Ibama.
Anápolis está região metropolitana de Goiânia situado no bioma Cerrado com rica diversidade de aves. Segundo Elisângela, no município há um distrito agroindustrial e várias construções de condomínios em áreas verdes. “Devido ao desmatamento, os animais perderam seu habitat natural e passaram a invadir residências e a serem atropelados nas rodovias”, destaca. Tucanos, maritacas, corujas, jabutis e tamanduás-bandeira e mirim são as principais vítimas da expansão da ocupação humana na região.
O Cevas é uma iniciativa de Elisângela e não recebe apoio financeiro do poder público. Ela conseguiu doações para a estruturação do local, que começou a funcionar em 17 de fevereiro, apesar de a inauguração ter ocorrido em março. “Recebemos doações, mas a maior parte dos gastos é do nosso bolso”, explica.
O centro recebe animais apenas por meio do Corpo de Bombeiros e, atualmente, cuida de dez. Depois de reabilitados, os que tiverem condições serão devolvidos ao seu habitat pela equipe da Gerência de Fauna da Secretaria do Estado do Meio Ambiente de Goiás em áreas de soltura cadastradas no Ibama.
Quer ajudar Elisângela em seu trabalho? Então entre em contato com ela por meio do WhatsApp (62) 99997-9481.