
Por Dimas Marques
Jornalista, pesquisador do Diversitas-USP e editor responsável do Fauna News
dimasmarques@faunanews.com.br
A ONG Repórter Brasil criou o Ruralômetro, termômetro que mede como cada deputado federal atuou em leis importantes para o meio ambiente, indígenas e trabalhadores rurais. A intenção é mensurar a “febre ruralista”, ou seja, quanto pior o impacto dos projetos que o parlamentar votou ou propôs, mais alta é a sua temperatura. E advinha quem está entre os cinco deputados mais quentes?
Isso mesmo: o autor do projeto de lei que quer legalizar as caças esportiva e comercial no Brasil, Valdir Colatto (MDB-SC).
A Repórter Brasil é uma ONG formada por jornalistas, cientistas sociais e educadores com a missão de “identificar e tornar públicas situações que ferem direitos trabalhistas e causam danos socioambientais no Brasil”. Com esse trabalho, os profissionais envolvidos buscam mobilizar lideranças para a construção de uma sociedade mais justa e democrática.
O Ruralômetro é uma espécie de ranking elaborado a partir da avaliação da atuação dos deputados federais nos temas meio ambiente, povos indígenas e trabalhadores rurais.
“Os dados são resultado de levantamento que levou em conta 14 votações nominais e 131 projetos de lei nessa área. Para medir se os projetos e proposições teriam impacto negativo ou positivo, oito organizações do setor socioambiental foram chamadas para fazer uma avaliação de mérito. (…)
Cada deputado foi pontuado dentro de uma escala equivalente ao que seria a temperatura corporal: de 36?C a 42?C. Quanto pior avaliado, mais alta a sua temperatura – podendo atingir níveis de febre.” – texto da matéria “Atuação da maioria dos deputados candidatos é negativa ao meio ambiente e povos do campo”, publicada no site da Repórter Brasil em 12 de setembro de 2018
De acordo com a Repórter brasil, deputado que tiver a temperatura acima de 37,3ºC no Ruralômetro votou e apresentou projetos que prejudicam o meio ambiente, indígenas e trabalhadores rurais. Como era de se esperar, Valdir Colatto, que concorre à reeleição, está com muita febre: 41,5ºC.
Colatto é o quarto lugar no ranking dos piores deputados nessa avaliação da Repórter Brasil. De acordo com o levantamento da ONG, o deputado catarinense é autor de nove projetos de lei prejudiciais ao meio ambiente e aos povos do campo (entre eles o PL da Caça e o projeto que pretende sustar a lista de espécies da fauna ameaçadas de extinção). Ele perde apenas para Nilson Leitão (PSDB-MT), Jerônimo Goergen (PP-RS) e André de Paula (PSD-PE).
Ao ser procurado pela Repórter Brasil, Colatto afirmou que suas pautas estão “voltadas, entre outros temas, para o desenvolvimento sustentável da agropecuária brasileira”.
Opa! Um minuto… Alguém pode, por favor, explicar para o deputado, ainda que de forma simplista, que desenvolvimento sustentável implica, necessariamente, em respeitar o meio ambiente e atuar por uma sociedade justa. Acho que ele só aprendeu, ainda que de forma equivocada e com um horizonte de curto prazo, a parte do “economicamente viável” para a agricultura e a pecuária.
Alguém pode explicar para o deputado que a agropecuária depende de fatores climáticos, de água e de floresta para existir. E que floresta é um conceito que inclui fauna e flora.
Só para lembrar: Colatto não está sozinho.
“Pelo menos dois terços, ou 66,5%, dos deputados federais que são candidatos à reeleição neste ano votaram ou apresentaram projetos de lei que prejudicam o meio ambiente, povos indígenas e trabalhadores rurais.” – texto da Repórter Brasil. Ou seja, temos 248 parlamentares com intenção de continuar a defender o que a ONG chama de “agronegócio predatório”.
Conheça o perfil de Valdir Colatto feito pela Repórter Brasil.
Saiba como atuaram os deputados pelos critérios do Ruralômetro?
– Leia a matéria completa da Repórter Brasil
– Conheça o PL da Caça (projeto de lei 6.268/2016)