Por Yuri Marinho Valença
Biólogo, mestre em Biologia Animal na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). É coordenador do Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) Tangará da Agência Estadual de Meio Ambiente de Pernambuco (CPRH), em Recife, e coordenador técnico do projeto de reabilitação, soltura e monitoramento de papagaios-verdadeiros intitulado de "Projeto Papagaio da Caatinga"
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Entre as atividades do escopo de atribuições que um centro de triagem de animais silvestres (Cetas) desempenha, a destinação de fauna é a mais importante. E, entre as diversas formas de destinação, umas das mais essenciais é o repatriamento dos animais aos seus biomas de origem quando são traficados para outras regiões que não as suas de ocorrências naturais.
O procedimento de repatriamento em Cetas é a ferramenta de base para o cumprimento de sua função primordial, que é a soltura de animais em seu ambiente de origem. Porém, para sua efetivação, as maiores dificuldades ainda são os termos de cooperação técnica entre os centros. Esse termo depende, principalmente, das disposições de cada Cetas em receber esses animais e a disponibilidade de áreas de soltura no local de origem.
Atualmente, o Cetas Tangará da Agência Estadual de Meio Ambiente de Pernambuco (CPRH) vem consolidando de forma contínua e corriqueira a gestão desses termos com outros centros de triagem, ou seja, atualmente já existem parcerias de recebimento e envio de animais com outros estados. A mais recente foi com o Centro de Recuperação de Animais Silvestres do Parque Ecológico do Tietê, do governo paulista, que culminou com a chegada de 188 animais (entre aves e répteis) em março deste ano.
Após o recebimento dos animais, o primeiro procedimento interno do Cetas Tangará é triar os animais das caixas de transporte para definir qual foi o nível de desgaste da viagem e onde cada um vai seguir no processo de reabilitação. Geralmente, os animais perdem peso com a mudança de temperatura e o estresse do movimento durante o transporte. Sendo assim, mesmo seguindo todos os protocolos de embarque com a oferta de comida e de água, alguns animais não têm interesse.
Após a aclimatação e recuperação de peso, os animais passam novamente por testes de voo (para as aves) e de convivência em grupo (dependendo da espécie). Com tudo respondendo bem, os animais são preparados e colocados em caixas de transporte para viajar até a área de soltura. Sobre a viagem, a equipe segue transportando os animais no horário que eles menos estão ativos para reduzir todo e qualquer gasto de energia.
Na área de soltura, os animais são soltos no viveiro para se recuperarem de qualquer baixa assim que chegam.
Após a soltura, o monitoramento é um passo de grande importância para estabelecer o perfil de sucesso do processo realizado. Por pelo menos três messes esse acompanhamento é realizado para que, enfim, se determine o fim do sofrimento e da perda de diversidade genética.