
Traficar animais pela internet, apesar de ser a mais recente forma desse crime, não é uma novidade. No 1º Relatório Nacional sobre o Tráfico de Fauna Silvestre, da ONG Renctas (Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres), publicado em 2001, consta:
“Em pesquisa realizada pela Renctas em 1999, foram encontrados 4.892 anúncios em sites nacionais e internacionais, contendo a compra, venda ou troca ilegal de animais silvestres da fauna brasileira. Desse total, a grande maioria anunciava répteis e aves, mas também foram encontrados diversos outros animais como mamíferos (com destaque para os primatas, felinos e pequenos marsupiais), anfíbios (principalmente sapos amazônicos) e peixes ornamentais.”
O Fundo Internacional para o Bem-Estar Animal (Ifaw, na sigla em inglês) fez uma pesquisa parecida, com resultados impressionantes:
“Vendem-se tigres, pandas-vermelhos, crocodilos. E esculturas de marfim de elefantes, tapetes com pele de urso polar e até bizarrices como vinhos que contêm ossos de tigre. Os animais — vivos ou transformados em “matérias-primas” — envolvidos são todos ameaçados de extinção e têm sido impunemente vítimas do mercado negro global na internet, revela um levantamento do Fundo Internacional para o Bem-Estar Animal (Ifaw, na sigla em inglês), que mapeou sites de 16 países.
A organização identificou, em apenas seis semanas, a venda de 33.006 animais silvestres ou de produtos fabricados a partir deles. Os 9.482 anúncios movimentaram cerca de US$ 11 milhões. Um dos destaques é um copo feito com chifre de rinoceronte, uma bagatela de US$ 86 mil, ou algo como R$ 217 mil.
— Imagine quantos animais silvestres vão sofrer com esse comércio desnecessário em todo o mundo. É impressionante como a internet pode colocar à venda tantos animais em vias de extinção — avalia Tania McCrea-Steele, coautora do levantamento. — Vimos que 54% dos anúncios são de animais que serão enviados ainda vivos para seus compradores.
A pesquisa foi realizada apenas em sites de acesso aberto. Os produtos de origem ilegal podem ser vistos até no eBay, um gigante do comércio eletrônico. Em sua versão britânica, foram encontrados 376 anúncios de artigos de marfim.
Objetos do material, aliás, correspondem a 32% de todo o mercado clandestino on-line, resultando em 3.047 anúncios. A extração do marfim é uma das principais atividades responsáveis pela morte de um elefante a cada 15 minutos. Os répteis ocupam a segunda categoria com mais anúncios (2.509), seguidos por aves (2.254) e mamíferos (1.309), entre outros animais.
A China foi o país com o maior número de produtos de animais comercializados ilegalmente (56%). A pesquisa também abrangeu o mercado de Alemanha, Bahrein, Bélgica, Bielorrúsia, Canadá, Cazaquistão, Emirados Árabes Unidos, França, Holanda, Kuwait, Polônia, Qatar, Reino Unido, Rússia e Ucrânia.
Cerca de 13% dos anúncios rastreados pela ONG foram encaminhados às polícias de cada país. Para a instituição, essa medida pode servir como base para que os governos elaborem novas legislações a fim de fiscalizar o meio ambiente.” – texto da matéria “Vendem-se tigres e crocodilos no mercado negro da internet”, publicada em 26 de novembro de 2014 pelo site do jornal O Globo
– Leia a matéria completa de O Globo
– Conheça o relatório do Ifaw (em inglês)