“Uma quadrilha acusada de tráfico internacional de animais silvestres foi detida por volta das 15h da última segunda-feira (17), no município de São Paulo de Olivença (a 985 quilômetros de Manaus). De acordo com assessoria da Polícia Civil, o grupo foi preso na estrada do aeroporto do município com 38 arraias de espécie raras. Elas estavam alojadas em sacolas plásticas e sete dos animais já estavam mortos.
Quatro evolvidos, Ari Seabra Arevalo, 45, Raimundo Arevalo, 36, Francisco Chaves do Carmo,53, e um menor de 17 anos, tentaram fugir, mas confessaram o crime. Ainda conforme assessoria, a quadrilha era investigada desde 2013.
De acordo com o delegado titular da 52ª Delegacia Interativa de Polícia (DIP), José Afonso Barradas Junior, destacou que parte dessa quadrilha já havia sido presa no ano em que começaram as investigações.
“Nós já estamos na mira desses bandidos desde 2013, quando conseguimos prender cinco dos integrantes tentando embarcar com uma grande quantidade ilegal de peixes para tráfico. Já descobrimos que a rota de contrabando desse grupo passa pela Colômbia para enviar os animais aos Estados Unidos”, informou.
O delegado disse, ainda, que os animais foram avaliados em R$ 1 milhão e que as espécies capturadas estão na lista de seres em extinção e são encontradas apenas em dois lugares do Brasil, sendo um deles, no Rio Tapajós, rota do contrabando.
Os homens foram autuados por Crime Ambiental, formação de quadrilha e estão à disposição da Justiça. Agora os animais que seriam vendidos pela quadrinha para pesquisa e exposição em aquários estão sob cuidados de técnicos no local.” – texto completo da matéria “Quadrilha acusada de tráfico de animais silvestres é presa com arraias raras”, publicada em 17 de fevereiro de 2015 pelo site D24am
Em 2013, o Fauna News publicou sobre a prisão de integrantes dessa quadrilha (post “O pouco falado tráfico de peixes ornamentais”, de 13 de agosto), com quem foram apreendidos 40 arraias e cerca de 300 peixes ornamentais. Na época, divulgou-se que os animais estavam sendo levados para a Colômbia, portanto, senhor delegado José Afonso Barradas, não adianta afirmar que “já” foi descoberta a rota. Essa informação é conhecida faz tempo. Esse tipo de declaração engana a população, que vai pensar que a investigação avançou recentemente.
Fica claro que a polícia não investiu na investigação e desmantelamento da quadrilha por dois motivos. O primeiro está na matéria “38 arraias são apreendidas com grupo no interior do AM, diz polícia”, publicada em 17 de fevereiro de 2015 pelo portal G1 e que aborda o mesmo caso: os policiais agiram após receberem denúncias anônimas e não baseados em informações conseguidas por eles mesmos.
O segundo motivo é o fato de que a quadrilha continuou atuando desde 2013. É lógico que é preciso destacar o problema da legislação, que para esse tipo de crime (considerado de “menor potencial ofensivo”), muito raramente leva os infratores para a cadeia. Com leis fracas, fica muito difícil para a polícia e a Justiça conseguirem acabar com as quadrilhas.
Deve-se também destacar que, em geral, a estrutura das polícias dos Estados é precária. Faltam equipamentos e policiais em número adequado para dar conta de todo o trabalho que eles têm de desenvolver (o que inclui um grande número de crimes, como furtos, roubos, assassinatos, tráfico de drogas e tantos outros). Mas também falta incentivo para as polícias do país todo se interessarem e darem mais atenção aos crimes ambientais, o que inclui o tráfico de fauna. Enfim, falta o poder público investir no combate eficiente às infrações ambientais e pressionar o legislativo a mudar as leis.
– Leia a matéria completa do D24am
– Leia a matéria completa do portal G1
– Releia o post do Fauna News “O pouco falado tráfico de peixes ornamentais”, de 13 de agosto de 2013