
Por Dimas Marques
Jornalista e editor responsável do Fauna News
dimasmarques@faunanews.com.br
“Policiais Militares da Companhia Independe de Policiamento do Meio Ambiente (Cipoma) flagraram, nesta sexta-feira (16), em uma residência, no município de Bezerros, no Agreste do Estado, 195 pássaros vítimas do tráfico de animais silvestres, que foram trazidos de São Paulo (SP). Os pássaros resgatados foram levados para o Centro de Triagem de Animais Silvestres de Pernambuco, unidade da CPRH, onde serão avaliados por veterinários e biólogos, antes de serem devolvidos à natureza.
De acordo com a Cipoma, o Núcleo de Inteligência Especializada (NIE) monitorava o grupo que supostamente trafica os animais, quando chegou ao responsável, que trouxe os animais do interior de São Paulo, para abastecer o mercado ilegal de venda de animais silvestres em Pernambuco. Na residência do infrator, os policiais encontraram pássaros das espécies Cardeal (75), Papa-Capim Coleira (86), Sanhaçu Frade (07), Estevão da Bahia (01); Sabiá Coleira (20); Azulão (05), Tico-tico (01). De acordo com o depoimento colhido pela Cipoma, esses pássaros seriam vendidos na feira de Caruaru.
O tráfico de animais silvestres é um crime ambiental e, por isto, o homem foi detido e levado para a Delegacia da Polícia Federal de Caruaru. A Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) foi acionada e lavrou Auto de Infração contra o infrator, com multa no valor de R$ 390 mil.” – texto de post publicado em 16 de novembro de 2018 na página oficial do CPRH no Facebook
A apreensão de aves silvestres, ainda que em grandes quantidades, não é exatamente uma novidade. A informação acima chama a atenção por duas características: a polícia investigou e chegou até um traficante de animais profissional e, principalmente, por chamar a atenção para o fato de que o mercado nordestino de fauna também importa espécimes de outras regiões.
É comum que os Estados do Nordeste sejam apontados como exportadores de animais silvestres para outras regiões do Brasil – principalmente para São Paulo e Rio de Janeiro. Mas o mercado dos próprios nordestinos é extremamente intenso e não está devidamente mensurado.
A grande maioria dos municípios do Nordeste possui feiras de rua onde animais silvestres, com destaque para as aves, são vendidos ilegalmente. Nas grandes cidades, como Recife (PE), João Pessoa (PB), Vitória da Conquista (BA), Feira de Santana (BA) e tantas outras, o mercado negro de fauna é muito intenso. Não seria surpreendente se, após a realização de alguma pesquisa, fosse constatado que o consumo de fauna silvestre dos nordestinos supera o da região Sudeste, por exemplo. É bem possível que o comércio ilegal de fauna dentro do próprio Nordeste seja o maior do país.
Mas, pelo fato de o tráfico de fauna ser uma atividade ilícita e de difícil mensuração e não haver incentivo para que pesquisas sobre esse universo sejam realizadas, dificilmente teremos informações um pouco mais detalhadas sobre o mercado ilícito de fauna do Brasil. Enquanto isso, continuaremos a repetir informações divulgadas há mais de 20 anos…