Tigres no Nepal: evitando os humanos

Dimas Marques
  • Dimas Marques

    Editor-chefe

    Formado em Jornalismo e Letras, ambos os cursos pela Universidade de São Paulo. Concluiu o curso de pós-graduação lato sensu “Meio Ambiente e Sociedade” na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo com uma monografia sobre o tráfico de fauna no Brasil. É mestre em Ciências pelo Diversitas – Núcleo de Estudos das Diversidades, Intolerâncias e Conflitos da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, onde pesquisou a cobertura do tráfico de animais silvestres por jornais de grande circulação brasileiros. Atua na imprensa desde 1991 e escreve sobre fauna silvestre desde 2001.

    Fauna News
05 de setembro de 2012
“Pesquisadores descobriram que os tigres de um parque do Nepal, na Ásia, estão adotando o “turno da noite” para coexistir pacificamente com seres humanos e evitar contatos agressivos.

Os animais, estimados em 121 espécimes no Parque Nacional de Chitwan, usam as mesmas rotas e trilhas das pessoas, segundo o cientista Jianguo Liu, um dos co-autores da pesquisa publicada no periódico “Proceedings of the National Academy of Sciences“, nesta semana.

Tigre em parque do Nepal
Foto: Divulgação Universidade Estadual de Michigan

O grupo de pesquisadores espalhou câmeras de detecção de movimento pelo parque, para captar imagens dos tigres, de suas presas e das pessoas. Muitos habitantes dos arredores usam a floresta para conseguir lenha e alimentos, por exemplo. Os moradores circulam basicamente de dia, pelo registro das câmeras, assim como patrulhas militares em busca de caçadores ilegais de animais.” – texto da matéria “Tigres adotam ‘turno da noite’ para coexistir com humanos”, publicada em 4 de setembro de 2012 pelo portal G1

Os pesquisadores afirmam, por meio da matéria, que essa adaptação dos tigres é um indicativo interessante sobre a possibilidade de os seres humanos e a natureza se desenvolverem juntos. Acabei fazendo outra leitura, um tanto crítica, da interpretação do fenômeno.

A pesquisa tem como referência o ser humano, em uma abordagem antropocêntrica. Os animais fugiram da presença humana (não sei se por instinto ou por medo de que alguma agressão se repita) e não se sabe se a mudança de hábito poderá gerar algum impacto na alimentação ou reprodução da espécie, por exemplo.
Já o ser humano, centro das atenções, parece não ter sido obrigado a alterar sua rotina. Não tenho informações da forma como são geridos os parques no Nepal, mas a gestão do território (com áreas para populações tradicionais) parece não levar em conta a presença de animais silvestres.

“Para Carter (Neil Carter, ambos ligados à Universidade Estadual de Michigan, nos Estados Unidos), as condições no parque são boas e a quantidade de caçadores é relativamente pequena para ameaçar os animais. “Pessoas de diferentes grupos, incluindo turistas, andam pela floresta de Chitwan. Os tigres precisam usar o mesmo espaço das pessoas, e parecem ter achado uma solução a longo prazo. Aprendemos que os tigres estão se adaptando”, disse ele.” – texto do G1

Espero que a constatação não incentive o poder público e a sociedade acharem que os animais sempre se adaptam. Comodismo criminoso.

– Leia a matéria completa do G1

Fauna News

Sobre o autor / Dimas Marques

Formado em Jornalismo e Letras, ambos os cursos pela Universidade de São Paulo. Concluiu o curso de pós-graduação lato sensu “Meio Ambiente e Sociedade” na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo com uma monografia sobre o tráfico de fauna no Brasil. É mestre em Ciências pelo Diversitas – Núcleo de Estudos das […]

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