Tigres: muito perto da extinção

Dimas Marques
  • Dimas Marques

    Editor-chefe

    Formado em Jornalismo e Letras, ambos os cursos pela Universidade de São Paulo. Concluiu o curso de pós-graduação lato sensu “Meio Ambiente e Sociedade” na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo com uma monografia sobre o tráfico de fauna no Brasil. É mestre em Ciências pelo Diversitas – Núcleo de Estudos das Diversidades, Intolerâncias e Conflitos da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, onde pesquisou a cobertura do tráfico de animais silvestres por jornais de grande circulação brasileiros. Atua na imprensa desde 1991 e escreve sobre fauna silvestre desde 2001.

    Fauna News
26 de janeiro de 2011
Em “Para não dizer que acontece somente longe de casa…”, citei o tráfico de partes de tigres, principalmente para a China e Rússia. Nesse texto, aproximei as realidades das matanças de animais silvestres na África e no Brasil que, apesar de contextos diferentes, têm nos grandes felinos preciosas vítimas. Como li e guardei algumas matérias sobre o assunto, resolvi apresentar um pouco das informações que chegaram à imprensa brasileira.

Atualmente, partes de tigres, como peles e garras, são bastante valiosas na China – de acordo com matérias veiculadas nos suplementos do The New York Times publicados em 22 de fevereiro e 22 de março de 2010 na Folha de S. Paulo. Cada pele chega a custar US$ 20 mil e uma pata US$ 1.000. O comércio ilegal e lucrativo tem causado a queda da população mundial desses animais, estimada em 1.400 animais (metade da registrada há 10 anos e uma pequena fração dos 100 mil que viviam na Ásia no início do século 20).

Foto: site www.imagensgratis.com.br

Em recente matéria publicada pela revista Terra da Gente (“Imperador Ameaçado”), edição de novembro de 2010, a situação dos tigres é um pouco melhor: seriam 3.200 animais livres na natureza (havendo apenas mil fêmeas prontas para reprodução) – dados da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, em inglês).

Além da óbvia redução do hábitat promovida pela ocupação humana, a pressão sobre as seis subespécies não extintas (outras três já não existem mais – tigre-de-bali, tigre-de-java e tigre-do-cáspio ou tigre-presa) é muito motivada pela seguinte anatomia da medicina tradicional e da evocação por proteção sobrenatural:

– bigodes: em Sumatra, acredita-se que trazem boa sorte e protegem contra maldições;
– caninos: usados em joias para atrair sorte e proteção;
– cauda: usada para tratar doenças de pele na China;
– olhos: usados para tratar epilepsia;
– ossos: usados na medicina chinesa;
– osso da pata dianteira direita: em Sumatra, é usado para tratar dores de cabeça;
– patas: adornadas com ouro para atrair sorte e proteção (Sumatra);
– pênis: acredita-se que promova virilidade e vitalidade, sendo muitas vezes imerso em tônicos ou em álcool (China);
– peles: pequenos pedaços são usados para a proteção contra magia negra e xamãs podem usá-las para fazer feitiços (Sumatra). No Tibete, a pele serve para fazer roupas cerimoniais.

Para quem deseja saber mais sobre a questão do tráfico de animais na Ásia, recomendo a matéria “O tráfico da vida”, publicada na edição de janeiro de 2010 da National Geographic Brasil.

Fauna News

Sobre o autor / Dimas Marques

Formado em Jornalismo e Letras, ambos os cursos pela Universidade de São Paulo. Concluiu o curso de pós-graduação lato sensu “Meio Ambiente e Sociedade” na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo com uma monografia sobre o tráfico de fauna no Brasil. É mestre em Ciências pelo Diversitas – Núcleo de Estudos das […]

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