
É considerado um procedimento correto soltar animais silvestres apreendidos (seja com traficantes ou em cativeiro doméstico, por exemplo) quando ainda bravios, saudáveis e em seus ecossistemas de origem (se possível na área onde foram capturados). Para fazer toda essa avaliação, principalmente quanto à saúde do bicho, é preciso ter capacitação técnica, condição essa que não é a da maioria dos policiais envolvidos nessas ocorrências.
Veja o caso relatado pelo portal G1:
“Uma mulher foi presa na tarde desta segunda-feira (13), em Cascavel, no oeste do Paraná, por manter em cativeiro 40 pássaros silvestres. A Polícia Ambiental chegou até a casa da suspeita, no bairro Coqueiral, após uma denúncia anônima.
Segundo a Polícia Ambiental, a mulher não tinha autorização para manter as aves em cativeiro. Os pássaros encontrados eram da espécie sabiá, trinca-ferro, azulão e coleirinha.
A mulher foi detida e levada para a Polícia Civil, onde assinou um termo circunstanciado e foi liberada. Ela pode pegar de seis meses a um ano de prisão por crime ambiental. Os pássaros foram soltos no fim da tarde no lago municipal de Cascavel.” – texto da matéria “Mulher é presa no Paraná por manter 40 pássaros silvestres em cativeiro”, publicada em 13 de outubro de 2014
Será que as 40 aves apreendidas estavam há pouco tempo em cativeiro, eram saudáveis e poderiam ser soltas na região do lago de Cascavel? É bem provável que houvesse animais já domesticados, que perderam a habilidade de procurar alimento e viver com autonomia, sem depender do homem. É possível também que algumas aves apresentassem comprometimento muscular pelo tempo que permaneceram em gaiolas e não praticaram vôo.
Outra análise que deve ser feita envolve a área para a soltura. Será que o local é hábitat das espécies apreendidas? Será que há alimento suficiente e abrigo para suprir as necessidades dos animais que já vivem na região e ainda dos que serão soltos?
Muitas questões devem ser analisadas antes da realização de uma soltura. E, com certeza, a maioria dos profissionais que as realizam não estão preparados para considerar todas essas questões.
Vale a pergunta: será que esses profissionais estão orientados a não encaminhar os bichos para os Cetas, já que muitas dessas instituições (quando existem na região da apreensão) estão lotadas e sem condições de funcionamento?