
“A Polícia Ambiental apreendeu seis aves silvestres durante patrulhamento rural e ambiental no Assentamento Porto Velho, em Presidente Epitácio. A ação foi nessa terça-feira (9) e uma mulher recebeu multa de R$ 21 mil por infração ambiental.
Segundo a corporação, os policiais constataram em um lote, que a moradora mantinha em cativeiro “de forma precária em uma gaiola, sem água e com alimentação inadequada", seis papagaios-verdadeiros (Amazona aestiva). A gaiola era mantida escondida no meio de uma plantação de eucalipto.” – texto da matéria “Polícia Ambiental apreende papagaios-verdadeiros em assentamento”, publicada em 10 de dezembro de 2014 pelo site iFronteira (Presidente Prudente – SP)
A cultura do criar animal silvestre como bicho de estimação, principal responsável pelo tráfico de fauna no Brasil, está impregnada em todo o país. Seja nas metrópoles como São Paulo e Rio de Janeiro, nas cidades pequenas ou ainda os vilarejos, os brasileiros gostam de “apreciar” aves em gaiolas ou poleiros, macacos em correntes e por aí vai.
A apreensão em um assentamento rural é mais um exemplo desse costume cruel, que arrebenta o equilíbrio dos ecossistemas e expõe as pessoas a uma série de doenças (as zoonoses). A quantidade de papagaios-verdadeiros apreendidos com uma mesma pessoa pode ter duas explicações, ambas ligadas ao fato de a localidade ser próxima do cerrado do Mato Grosso do Sul – uma das principais áreas de apanha e captura dessas aves pelos traficantes que abastecem vários municípios brasileiros (incluindo São Paulo e sua região metropolitana).
A primeira explicação está vinculada pelo fato de Presidente Epitácio estar na rota rodoviária dos traficantes de papagaios, o que facilita para a população local o acesso aos animais.
A outra explicação está na possibilidade dessas pessoas estarem envolvidas no tráfico. Isto é, serem elas parte do crime. É sabido que traficantes saem de São Paulo e fecham negócios com sitiantes, assentados, trabalhadores rurais e moradores das localidades próximas das áreas de postura dos papagaios para a coleta e captura dos animais e até de seus ovos.
Os pequenos papagaios são transportados entre setembro e novembro, em condições precárias, amontoados em caixas onde permanecem mais de dez horas até a Região Metropolitana de São Paulo sofrendo com a falta de alimentação e água, além do calor. A principal rota usada para chegar à capital paulista é a BR-267, rodovia que passa a se chamar Raposo Tavares (SP-270) em território paulista, na região de Presidente Epitácio.
Talvez esse caso mereça uma cuidadosa investigação.
– Leia a matéria completa do iFronteira