
Análise de Dimas Marques
Editor-chefe
dimasmarques@faunanews.com.br
“O Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) Tangará, unidade da Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH), está com um hospede inusitado: um sapo. O anfíbio chegou ao Cetas pelas mãos da veterinária Nathalia Gouveia, que o atendeu na Unidade Básica de Saúde (UBS) Pet de Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife (RMR). Ela conta que o animal foi levado à UBS por uma dona de casa, residente no município, que encontrou o animal com a boca colada em um cemitério da cidade. Após fazer os primeiros procedimentos para descolar a boca do animal, a dona de casa o levou à UBS para receber cuidados dos profissionais.

De acordo com o gestor do Cetas, Yuri Marinho, o animal é da espécie popularmente conhecido como sapo-cururu, e que pelo tamanho aparenta ser uma fêmea adulta. Tem ferimentos nas costas e na boca por conta da cola. Marinho explica que após o anfíbio se reabilitar será solto na natureza. Ele ressalta a importância dos anfíbios anuros (sapos, rãs e pererecas) para o meio ambiente.
“Os anfíbios são responsáveis pelo controle de diversos insetos, além de outros invertebrados. Por se tratar de animais muito sensíveis, a ausência deles indica que o ambiente está poluído, ou seja, sua presença serve de alerta para indicar se o ambiente está ecologicamente equilibrado”, revela o gestor.” – texto publicado em 12 de fevereiro de 2021 na página do CPRH no Facebook
Animais silvestres sofrem com a perda de seu habitat. Florestas, campos, áreas áridas e oceanos são ocupados pelo homem ou por usas atividades, alterando a passagem e o equilíbrio dos ecossistemas.
Animais silvestres são caçados. E, na grande maioria dos casos aqui no Brasil, essas mortes não acontecem para saciar a fome de pessoas em situação de pobreza. Elas são praticadas por lazer (caça de entretenimento) ou para atender a vontade de consumir esse tipo de carne como iguaria.
Animais silvestres são capturados na natureza e confinados em gaiolas e jaulas ou acorrentados. Eles perdem a liberdade e sofrem o restante da vida para serem criados como bichos de estimação por pessoas “de bem” ou colecionadores endinheirados que buscam animais raros.
Animais silvestres são coletados ilegalmente na natureza para fornecerem insumos, por meio de peçonhas e substâncias que produzem, para a indústria farmacêutica. É a biopirataria.
Animais silvestres morrem todos os anos aos milhões atropelados em estradas e rodovias ou atingidos por embarcações e aeronaves.
E a fêmea de sapo-cururu (Rhinella icterica), salva da morte, veio nos mostrar mais uma forma que nós, seres humanos, encontramos de atacar o direito de os animais silvestres viverem. Será que o pedido pelo qual esse anfíbio foi ofertado em sacrifício justifica a dor e o sofrimento que estava promovendo?
Homo sapiens, uma espécie que não conhece limites…