“Rio”: desenho sobre a ararinha-azul Blu tem como pano de fundo o tráfico de animais silvestres

Dimas Marques
  • Dimas Marques

    Editor-chefe

    Formado em Jornalismo e Letras, ambos os cursos pela Universidade de São Paulo. Concluiu o curso de pós-graduação lato sensu “Meio Ambiente e Sociedade” na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo com uma monografia sobre o tráfico de fauna no Brasil. É mestre em Ciências pelo Diversitas – Núcleo de Estudos das Diversidades, Intolerâncias e Conflitos da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, onde pesquisou a cobertura do tráfico de animais silvestres por jornais de grande circulação brasileiros. Atua na imprensa desde 1991 e escreve sobre fauna silvestre desde 2001.

    Fauna News
08 de abril de 2011
Estreia hoje nos cinemas a animação “Rio” da Fox. Idealizada e realizada pelo carioca Carlos Saldanha – que também dirigiu “A Era do Gelo” -, o desenho tem ganhado destaque pela grandiosidade da produção, pelas cifras milionárias, pela reprodução das belas paisagens da Cidade Maravilhosa, pela trilha-sonora do talentoso Sérgio Mendes e por diversos outros motivos destacados nas inúmeras matérias jornalísticas publicadas ultimamente.

Foto: Divulgação

Apesar de toda essa exposição, pouco tem se falado sobre o problema do tráfico de animais silvestres que permeia a animação. Para que todos possam entender do que se trata, o protagonista do desenho, Blu, é uma ararinha-azul (espécie Cyanopsitta spixii) que foi capturada ainda filhote por traficantes de animais e levada para os EUA. Nos Estados Unidos, a ave é criada por Linda, uma garota que trata Blu como um pet (animal de estimação), recebendo inclusive chocolate quente e marshmallow. Todo esse excesso de cuidados fez com que Blu nunca aprendesse a voar.

Linda resolve então levar Blu para o Brasil na tentativa de encontrar a última fêmea da espécie. A história segue e, lógico, não vou contar tudo.

Aqueles que não querem ser um mero espectador-ingênuo devem saber o seguinte: a espécie Cyanopsitta spixii foi considerada extinta na natureza pelo Ibama em 2000. O desaparecimento da ave ocorreu em virtude da destruição de seu hábitat (caatinga baiana, desde o extremo norte da Bahia até o sul do rio São Francisco) e, principalmente, pela ação de traficantes de animais. A ararinha-azul era uma espécie endêmica brasileira, isto e, que só existia no Brasil.

“Trata-se de uma ave diferente das outras araras, apresentando tonalidades de azul acinzentado no corpo escurecendo em direção à cauda, cabeça acinzentada, bico menor e mais delicado. Possui ainda, uma faixa de pele nua de cor cinza, que vai da parte superior do bico até os olhos, como uma máscara. Estas características a tornam muito cobiçada como ave ornamental.” (texto do site da Fundação Parque Zoológico de São Paulo)

Atualmente, existem entre 60 e 70 ararinhas-azuis em cativeiro. A maior parte delas vive fora do Brasil – com colecionadores particulares, na Loro Parque Fundación (Espanha) e na Al Wabra Wildlife Preservation (Catar).

Aproveite a oportunidade, reflita sobre o caso e conscientize as crianças. Capturar, comercializar e manter aves silvestres em cativeiro é crime (exceto as criadas por criadores credenciados pelo Ibama). Mesmo assim, lugar de animal silvestre é a natureza, onde, livre, pode exercer suas funções ecológicas e manter ecossistemas equilibrados.

Comprar animais silvestres ilegais é participar da destruição da natureza, colocar em risco a sua saúde (bichos transmitem doenças, as zoonoses) e ser aliado das várias crueldades que são cometidas contra a fauna.

– Saiba mais sobre a ararinha-azul (fonte: Zoológico de São Paulo)
– Saiba mais sobre a ararinha-azul (fonte: site Wikiaves)

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Sobre o autor / Dimas Marques

Formado em Jornalismo e Letras, ambos os cursos pela Universidade de São Paulo. Concluiu o curso de pós-graduação lato sensu “Meio Ambiente e Sociedade” na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo com uma monografia sobre o tráfico de fauna no Brasil. É mestre em Ciências pelo Diversitas – Núcleo de Estudos das […]

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