Reflexão para o fim de semana: tráfico de animais em Rondônia caiu 80%. Juro que queria acreditar

Dimas Marques
  • Dimas Marques

    Editor-chefe

    Formado em Jornalismo e Letras, ambos os cursos pela Universidade de São Paulo. Concluiu o curso de pós-graduação lato sensu “Meio Ambiente e Sociedade” na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo com uma monografia sobre o tráfico de fauna no Brasil. É mestre em Ciências pelo Diversitas – Núcleo de Estudos das Diversidades, Intolerâncias e Conflitos da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, onde pesquisou a cobertura do tráfico de animais silvestres por jornais de grande circulação brasileiros. Atua na imprensa desde 1991 e escreve sobre fauna silvestre desde 2001.

    Fauna News
22 de junho de 2012
É de chamar a atenção:

“O crime ambiental de tráfico de animais silvestres não é comum no estado, segundo o superintendente do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama) em Rondônia, Alberto Chaves Paraguassu. O mais frequente são denúncias de criações irregulares em residências. “Tivemos uma redução drástica no número de animais silvestres comercializados irregularmente, cerca de 80% nos últimos três anos. É muito mais frequente receber denúncias durante as fiscalizações de pessoas criando domesticamente esses animais. É mais uma questão cultural”, conta Alberto.” – texto da matéria “Tráfico de animais silvestres em RO caiu 80% em três anos, diz Ibama”, publicada em 21 de junho de 2012 pelo portal G1

Paraguassu, do Ibama: tráfico de animais caiu 80% em Rondônia
Foto: Rondonotícias

A matéria não aprofunda o que afirma e deixa margem para muitas dúvidas. Vamos lá…

– O superintendente do Ibama não explica como ocorreu essa diminuição do tráfico em Rondônia nesses três anos;

– Se tem gente com animais silvestres em cativeiro, duas hipóteses devem ser levantadas: ou os bichos ainda são os traficados há três anos, ou o superintendente do Ibama está sendo enganado pelos números (afinal, ele mesmo afirma ainda existir o hábito de manter bichos em cativeiro e, onde há demanda, há o tráfico).

Em outro trecho da matéria, há a seguinte informação:

“O superintendente também diz que o que caracteriza o crime de tráfico é a quantidade de animais em transporte para comercialização.”
Com esse método de qualificar o tráfico de animais é óbvio que há uma redução estatística. Senhor superintendente, quer dizer que aquele bando de gente que vende passarinhos e feiras por todo o país não são traficantes? Afinal, nesses locais, a maioria dos que vendem bichos não estão com grandes quantidades.
Teoria lamentável.

É hora do superintendente do Ibama de Rondônia rever seus critérios e refazer suas contas. Confesso não ter números da situação do tráfico de fauna naquele estado, mas creio não serem os apresentados pelo órgão ambiental federal.

– Leia a matéria completa do portal G1

Fauna News

Sobre o autor / Dimas Marques

Formado em Jornalismo e Letras, ambos os cursos pela Universidade de São Paulo. Concluiu o curso de pós-graduação lato sensu “Meio Ambiente e Sociedade” na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo com uma monografia sobre o tráfico de fauna no Brasil. É mestre em Ciências pelo Diversitas – Núcleo de Estudos das […]

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