
A onça-pintada Juma foi abatida (era um macho) a tiro após ter fugido dentro das instalações do Zoológico do Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS), em Manaus, após participar de uma das cerimônias do Revezamento da Tocha Olímpica Rio 2016, realizada em 20 de junho.
O felino foi morto com disparo feito por militar que participava da operação de captura. O Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) não havia autorizado o Exército a levar o animal para a cerimônia.
Independentemente dessa ou de outras irregularidades ou erros de manejo, Juma já não estava viva para a natureza. Ela não era uma onça plena, afinal estava condenada ao cativeiro e não cumpria suas funções ecológicas.
A vida desse animal foi definitivamente ceifada pela vaidade humana. A vaidade do CIGS, a vaidade de um Estado que queria utilizar o felino como símbolo da supremacia do homem sobre a natureza, a vaidade do pensamento antropocêntrico em considerar que toda a vida está a serviço do homem.
Juma acorrentada para exposição mundial era a metáfora perfeita da força humana na dominação da natureza. Mas, como sempre acontece, essa metáfora é irreal e a força da natureza mostrou-se indomável: a onça na sua essência (não mais o cativo Juma) mostrou-se plena, forte e, sobretudo, indomável.
E, por isso, a onça foi morta. O animal abatido não foi Juma, a onça cativa. Essa ainda vive na forma de outros felinos e de milhões de animais aprisionados pela vaidade humana. O felino abatido foi a onça plena e selvagem que afirmou para os humanos: vocês se iludem por controlar a aparência!
E o tiro foi mais uma manifestação dessa ilusão.
A essência da natureza é livre e nunca estará submetida às vontades do homem.