Reflexão para o fim de semana: a farsa da consulta pública sobre a “lista pet” foi prorrogada

Dimas Marques
  • Dimas Marques

    Editor-chefe

    Formado em Jornalismo e Letras, ambos os cursos pela Universidade de São Paulo. Concluiu o curso de pós-graduação lato sensu “Meio Ambiente e Sociedade” na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo com uma monografia sobre o tráfico de fauna no Brasil. É mestre em Ciências pelo Diversitas – Núcleo de Estudos das Diversidades, Intolerâncias e Conflitos da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, onde pesquisou a cobertura do tráfico de animais silvestres por jornais de grande circulação brasileiros. Atua na imprensa desde 1991 e escreve sobre fauna silvestre desde 2001.

    Fauna News
21 de dezembro de 2012
Em 7 de dezembro de 2012, o Fauna News publicou o post “Reflexão para o fim de semana: começou a consulta pública sobre a “lista pet” e a divulgação medíocre”, em que comentava sobre o início da consulta pública pelo Ibama para elaboração de uma lista de animais silvestres que poderiam ser criados e comercializados como bichos de estimação – a chamada “lista pet”.

Foto: Divulgação PM Ambiental/SP

A consulta, que deveria ter sido encerrada em 17 de dezembro, foi estendida até 30 de dezembro.

O Fauna News retoma o assunto e reafirma:

– NÃO existe a possibilidade de se manifestar pela chamada “lista pet zero”, isto é, pela proibição total da comercialização de animais silvestres como bichos de estimação. No formulário que se acessa pelo link http://servicos.ibama.gov.br/ctf/publico/lista_pet/lista_pet.php só é possível indicar ou excluir (se não existe uma lista anterior, por que existe a opção “excluir”?) espécies para a listagem. E seu você for contrário a esse tipo de comércio, sua opinião não é válida?

– a segunda observação é a falta de divulgação dessa consulta pública. Seu início foi publicado na edição de 30 de novembro (página 205, seção 3) do Diário Oficial da União e no site do Ibama. O Fauna News fez uma rápida busca (via Google) sobre o assunto e encontrou apenas uma notícia no site D24am.com, do Amazonas (do grupo dos jornais Diário do Amazonas e Dez Minutos). Ou a imprensa não foi devidamente avisada pela assessoria de comunicação do Ibama ou ignorou totalmente o assunto. – o que mostraria uma enorme ignorância sobre o tema.

Sendo bastante enfático, o Fauna News considera que não está havendo interesse institucional (do Ibama) em divulgar amplamente a realização da consulta pública. Pior, o órgão ambiental está DESCONSIDERANDO a possibilidade de não permitir a comercialização de animais silvestres como pets. Dentro do próprio Ibama há técnicos contrários a esse tipo de comércio.

Por que, Ibama, não se considera a possibilidade da “lista pet zero”? Há interesses envolvidos para essa liberação?

Opinião
“O Fauna News é contrário à existência de uma “lista pet”. A comercialização de algumas espécies de animais silvestres como bichos de estimação, em tese, foi pensada para reduzir a captura na natureza para venda. Afinal, qual o motivo para correr o risco de comprar um animalzinho no mercado negro, ficar exposto às zoonoses e à possibilidade de tê-lo apreendido pelas autoridades?

Esse raciocínio funcionaria se o preço dos animais legalizados não fosse tão alto. Um exemplo é o comércio de papagaios-verdadeiros. Essas aves, quando vindas de criadouros autorizados pelo Ibama, custam entre R$ 1.800 e R$ 2.500. Já no mercado negro é possível adquirir uma por R$ 150 ou R$ 250.

Papagaios apreendidos em 2011 com traficantes em Pernambuco
Foto: Divulgação Ibama


Infelizmente, a maioria dos interessados em criar animais silvestres como bichos de estimação ainda prefere recorrer ao tráfico. Deve-se lembrar que boa parte desses interessados nunca foi alvo de alguma ação educativa, além de contar com certas limitações financeiras.

Será que o tráfico vai realmente diminuir se a diferença de preço entre os legalizados e os ilegais for tão alta?

Duvido.

Outro, e principal, motivo para o Fauna News ser favorável à “lista pet zero” é ético. Lugar de bicho é em seu hábitat, livre, cumprindo suas funções ecológicas. É chegado o momento de o ser humano deixar suas referências antropocêntricas; deixar de considerar que os outros seres vivos existem para servi-lo e começar a agir respeitando a vida.” – texto do post “Reflexão para o fim de semana: começou a consulta pública sobre a “lista pet” e a divulgação medíocre”, de 7 de dezembro de 2012

– Leia a nota do Ibama informando a prorrogação da consulta pública
– Releia o do post “Reflexão para o fim de semana: começou a consulta pública sobre a “lista pet” e a divulgação medíocre”

Fauna News

Sobre o autor / Dimas Marques

Formado em Jornalismo e Letras, ambos os cursos pela Universidade de São Paulo. Concluiu o curso de pós-graduação lato sensu “Meio Ambiente e Sociedade” na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo com uma monografia sobre o tráfico de fauna no Brasil. É mestre em Ciências pelo Diversitas – Núcleo de Estudos das […]

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