Por Dimas Marques
Editor responsável Fauna News
dimasmarques@faunanews.com.br
A Polícia Rodoviária Federal divulgou ontem, 5 de setembro, em seu site:
“Na tarde de hoje (5), por volta das 16h30, em fiscalização de combate à criminalidade na altura do km 677 da BR-116, no município de Jequie/BA, policiais rodoviários federais abordaram um ônibus e, após realizar vistoria minuciosa no compartimento de bagagens, encontraram aproximadamente 400 pássaros sendo transportados irregularmente e sem autorização ambiental.
Os animais, aproximadamente 200 Pintassilgos (Cardueles carduelis) e 200 coleiros (Sporophila caerulescens), estavam extremamente debilitados e eram transportados amontoados em 4 gaiolas, sendo que cerca de 30 animais já estavam sem vida.
Identificado o proprietário, um homem de 54 anos, este informou que capturou os pássaros nas cidades paulistas de Ibiúna e Caucaia do Alto, utilizando redes e armadilhas. Ele confessou ainda que venderia os animais em feira livre na cidade de Feira de Santana(BA) e que cada animal custaria em média R$ 35.
Diante do flagrante, os agentes federais lavraram Termo de Constatação Ocorrência (TCO) em razão dos seguintes delitos previstos na Lei Ambiental: matar, perseguir, caçar, apanhar, vender espécimes da fauna silvestre e praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais.”
A PRF é uma das instituições públicas que mais atua na repressão ao tráfico de fauna no Brasil. Essa apreensão de animais é uma prova disso.
Mas duas observações devem ser feitas. Primeiro, apesar de a matéria de divulgação da PRF não informar se o ônibus era pertencente a alguma empresa de transporte regular de passageiros ou se era fretado, é fato que alguém responsável pelo veículo deveria também ser responsabilizado. Afinal, é impossível colocar 400 aves no bagageiro do ônibus sem o consentimento de funcionários da empresa.
É impossível também o motorista não saber. E, nesse caso, ele colaborou para o cometimento do crime.
A partir do momento em que representantes de empresas de transporte de passageiros e seus funcionários começarem a responder criminalmente pelo envolvimento com traficantes de fauna, procedimentos internos para evitar que tais casos aconteçam poderão surgir.
O segundo ponto que vale se comentado é a rota do tráfico. É bastante comum que animais capturados no Nordeste, Norte e Centro-Oeste sejam traficados para o Sudeste e o Sul. Os municípios baianos de Feira de Santana e Vitória da Conquista são, historicamente, pontos de recebimento dos bichos capturados para posterior distribuição para o próprio Nordeste e o restante do país.
Neste caso registrado pela PRF, a rota está invertida, com animais capturados em São Paulo sendo levados para Feira de Santana. Vale uma boa investigação para que se esclareça se há uma nova demanda pelas espécies envolvidas e quem são os compradores (será que as aves iriam realmente para as feiras de rua daquele município baiano?).
Dito isso, jogo a pergunta: será que alguém vai realmente investigar ou o caso será apenas mais um registro?