Quando o silvestre de estimação vira um transtorno: abandono

Dimas Marques
  • Dimas Marques

    Editor-chefe

    Formado em Jornalismo e Letras, ambos os cursos pela Universidade de São Paulo. Concluiu o curso de pós-graduação lato sensu “Meio Ambiente e Sociedade” na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo com uma monografia sobre o tráfico de fauna no Brasil. É mestre em Ciências pelo Diversitas – Núcleo de Estudos das Diversidades, Intolerâncias e Conflitos da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, onde pesquisou a cobertura do tráfico de animais silvestres por jornais de grande circulação brasileiros. Atua na imprensa desde 1991 e escreve sobre fauna silvestre desde 2001.

    Fauna News
04 de fevereiro de 2014
Animais silvestres como bichos de estimação. A compra é, muitas vezes, por impulso. E o resultado em diversos casos é o abandono. Seja do mercado negro ou de lojas com emissão de nota fiscal, eles são largados diariamente em parques urbanos, matas e unidades de conservação.

Esse tipo de abandono é perigosos para ecossistemas equilibrados, arriscado pelo potencial de transmitir doenças a humanos e outros animais e cruel com o bicho desprezado que pode não estar mais apto à vida livre. É o que está acontecendo em diversos pontos da cidade de São Paul com as tartarugas d’água:

“Elas apareceram na surdina e não há testemunhas para descrever a chegada. Apesar disso, os principais suspeitos de levarem as intrusas têm um perfil claro: humanos que pouco entendem de sua natureza. Abandonadas no lago do parque Piqueri, no Tatuapé, (região leste), tartarugas d’água se multiplicam. Hoje são 150 dividindo espaço (e comida) com cisnes, gansos e marrecos da área verde.

Tigres d’-água no Parque do Piqueri, em São Paulo (SP)
Foto: Zé Carlos Barretta/Folhapress


(…) As mais jovens têm cerca de 5 cm, mas o quelônio pode chegar a 25 cm quando adulto e viver mais de 30 anos. Para o biólogo Ricardo Gandra, que trabalha no setor de fauna do Depave (Departamento de Parques e Áreas Verdes), o fato de elas chegarem ao tamanho de um prato seria o motivo do abandono. Segundo ele, os mais desinformados não sabem que terão de fazer um “upgrade” no tamanho do aquário de tempos em tempos.

SEM CONTROLE
O problema não ocorre só no Piqueri. Já foram encontradas tartarugas em lugares pouco convencionais, como o tanque de carpas do Hospital das Clínicas e o lago da praça da República, conta Ricardo.”
– teto da matéria “Tartarugas abandonadas lotam lago de parque na zona leste de SP”, publicada em 2 de fevereiro de 2014 pelo site do jornal Folha de S. Paulo

E o problema não é exclusividade de São Paulo ou envolve apenas as tartarugas d’água. Por todo o país, animais silvestres são abandonados quando passam a ser encarados como um “problema”. Quando filhotes, são bonitinhos, mais calmos e controláveis. Ao crescerem, seu comportamento natural se estabelece. O resultado depende da espécie.

Macacos precisam de espaço para se movimentar e podem morder. Araras e papagaios podem ser bastante barulhentos. Répteis atingem tamanhos muitas vezes não pensados pelos “donos”. Quando o bicho-problema não é confinado a jaulas e gaiolas, praticamente esquecido em um canto, ele pode ser solto. O responsável pelo animais, muitas vezes, acha que qualquer mato é o hábitat do silvestre, sendo então seu lar.

Grande erro.

Se você tem um animal silvestre e não quer mais cria-lo, entre em contato com a Polícia Ambiental de seu estado. Seja ele ilegal ou não, você não será punid. É lei.

Está no parágrafo 5º do artigo 24 do no Decreto nº 6.154, de 2008:

“No caso de guarda de espécime silvestre, deve a autoridade competente deixar de aplicar as sanções previstas neste Decreto, quando o agente espontaneamente entregar os animais ao órgão ambiental competente.”

– Leia a matéria completa da Folha de S. Paulo

Fauna News

Sobre o autor / Dimas Marques

Formado em Jornalismo e Letras, ambos os cursos pela Universidade de São Paulo. Concluiu o curso de pós-graduação lato sensu “Meio Ambiente e Sociedade” na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo com uma monografia sobre o tráfico de fauna no Brasil. É mestre em Ciências pelo Diversitas – Núcleo de Estudos das […]

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