
Apesar de mais de 80% dos animais apreendidos no Brasil com traficantes de fauna e em cativeiro doméstico ilegal serem aves, não é difícil entrar primatas vítimas do hábito de criar silvestres como bichos de estimação. Além do impacto aos ecossistemas onde eles cumprem importantes funções ecológicas e integram um sistema equilibrado, a retirada desses animais da natureza é o primeiro passo da inserção deles em um mundo de restrições, dor e sofrimento.
Terça-feira, 24 de maio, o Fauna News publicou “Homem com gaiola faz polícia apreender outros 15 bichos em um imóvel na BA”, em que comentou a apreensão realizada dia 14 de uma grande quantidade de animais em uma residência de Candeias. Dentro os bichos havia um sagui.
Dois dias depois foi noticiada uma operação contra o tráfico de fauna em municípios mineiros realizada pela Superintendência de Fiscalização Ambiental Integrada da Secretaria de Estado de Meio ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad). E mais um pequeno primata foi apreendido.
“Uma operação da Superintendência de Fiscalização Ambiental Integrada da Secretaria de Estado de Meio ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) fiscalizou os municípios de Novo Cruzeiro, Poté e Itaipé no Vale do Mucuri e Jequitinhonha. Na operação foram apreendidas 45 aves em situação irregular e um primata da espécie Callithrix geoffroyi(Sagui-da-cara-branca). No total foram aplicados R$ 67 mil reais em multas.” – texto da matéria “Operação Vinacea combate o tráfico de animais nos vales do Mucuri e Jequitinhonha”, publicada em 16 de maio de 2016 pelo site do jornal Hoje em Dia
E a localização de primatas em cativeiro ilegal não parou por aí. Um macaco-prego foi apreendido em Tocantins, onde viveu acorrentado por quatro anos.
“Diversos animais silvestres foram resgatados neste mês pelo Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins) após denúncias anônimas de maus tratos e entregas voluntárias. Entre os animais há um macaco-prego que estava preso por correntes, em um cativeiro, há cerca de 4 anos.
O animal foi encontrado pelo Batalhão Ambiental da Polícia Militar em uma casa de Tocantínia, a 75 km de Palmas, após uma denúncia anônima.
Conforme o Naturatins, esse tipo de animal costuma ser inquieto e chama a atenção por demonstrar comportamentos semelhantes à inteligência humana.
O macaco apresentava mudanças de comportamento e no hábito alimentar por causa da domesticação.
"Agora será submetido a exames no período de reabilitação para diagnosticarmos e ministrarmos tratamento de possíveis doenças. Tão logo esteja recuperado fará parte de um grupo para soltura branda e integração à natureza", afirmou o Naturatins.” – texto da matéria “Macaco-prego é resgatado após ficar quatro anos acorrentado em cativeiro”, publicada em 22 de maio de 2016 pelo portal G1
O hábito de criar macacos como bichos de estimação é antigo, com origens lá na formação do Brasil. E essa cultura é incentivada pelo poder público que permite a atividade legal de alguns criadores e por celebridades como o cantor Latino e o jogador de futebol Emerson Sheik, que criam macacos-prego como pets. O exemplo dessas pessoas, formadoras de opinião, enraíza ainda mais essa cultura na sociedade, ajudando a despertar o desejo de muita gente em fazer o mesmo.
Mas um macaco-prego legalizado é caro, com preços entre R$ 20 mil e R$ 60 mil. Então, o mercado negro tem um ótimo filão, saciando o desejo de pessoas que só pensam em si ou daquelas que, por ignorância, não sabem o mal (ao bicho e ao meio ambiente) estão causando.
– Leia a matéria completa do Hoje em Dia
– Leia a matéria completa do portal G1
– Releia o post do Fauna News “Homem com gaiola faz polícia apreender outros 15 bichos em um imóvel na BA”