PRF resgata 800 aves e jabutis de traficante de animais na Bahia

Animais estavam amontoados em pequenas caixas e caixotes dentro de um carro. Motorista fugiu.

Ricardo Melo
Reportagem e newsletter

Nascido em 1999 em Recife (PE), cresceu observando a diminuição das espécies e o aumento do calor, o que o levou diretamente ao jornalismo ambiental para indagar tais questões.
Graduou-se, em 2023, no curso de Jornalismo pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Tem experiências do jornalismo impresso, on-line e radiofônico/podcast, provindas tanto da graduação quanto de participações em prêmios, ganhando duas vezes o Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão em colaboração com equipes.
É mestrando em Linguística no Programa de Pós-Graduação em Letras pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), tendo como linha de pesquisa a Análise de Discurso, na qual estuda as relações entre o Jornalismo, a linguagem, o meio ambiente e a biodiversidade.

19 de janeiro de 2024

FAUNA NEWS - PRF resgata 800 aves e jabutis de traficante de animais na Bahia

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) apreendeu, em 15 de janeiro, 800 animais em um veículo que transitava pela BR-101, na altura do município de Gandu, no sul da Bahia, a 290 quilômetros de Salvador. O condutor do automóvel fugiu, mas os policiais conseguiram identificá-lo e descobriram que ele possui histórico de atuação no tráfico de animais. Foram resgatados 350 filhotes de jabutis e 450 aves, capturados no sertão do Estado, que foram encaminhados para o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado (Inema), em Cruz das Almas.

Os animais estavam amontoados dentro de um Corsa. As aves foram encontradas em caixas de madeira. Já os jabutis, empilhados em caixas de papelão. Havia animais mortos, mas não foi divulgada a quantidade. Segundo a ornitóloga e mestra em Zoologia Vitória Ribeiro, a situação dos animais apreendidos configura maus-tratos, constatando-se que não há alimentação adequada e tampouco água. A aglomeração em espaços tão pequenos, explica a cientista, pode gerar machucados e estresse e levar a óbito.

O Fauna News entrou em contato com o Cetas e o Inema, o qual responde pelo centro, para saber quais espécies foram apreendidas e o estado de saúde dos animais, mas não obteve resposta.

Vitória, que trabalha há 10 anos com esses animais, pôde identificar pelas imagens e vídeos divulgados pela PRF animais da ordem Passeriformes, principalmente da família Thraupidae, Cardinalidae e Passerellidae. Entre as espécies, ela informa a presença do cardeal-do-nordeste (Paroaria dominicana), azulão (Cyanoloxia brissonii), papa-capins (Sporophila sp.), tico-tico (Zonotrichia capensis) e tico-tico-rei-cinza (Coryphospingus pileatus), podendo haver mais espécies não registradas pelas imagens. Tirar esses seres de seu hábitat, completa ela, pode causar desequilíbrio ambiental.

Bahia é rota do tráfico de animais

O agente da PRF Fábio Rocha explicou que a Bahia é um estado com grande extensão territorial e possui rica biodiversidade, o que atrai criminosos. Além disso, é o principal caminho entre a região Sudeste e outros estados do Nordeste, por ser cortado pelas BRs 116 e 101. Essas rodovias são as principais rotas do tráfico, pois são vias de integração nacional.

A PRF informa que o motorista do Corsa responderá pelos crimes de matar, perseguir, caçar, apanhar, vender espécimes da fauna silvestre (artigo 29) e de praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais (artigo 32), ambos da Lei 9.605/1998 (Lei de Crimes Ambientais). Como a pena prevista é de um ano de detenção, tais crimes são respondidos em liberdade e, por serem considerados de “menor potencial ofensivo”, abre-se a possibilidade de haver transação penal (o infrator faz um acordo para pagar uma multa ou prestar serviços comunitários para não haver processo judicial). Nesse sentido, Vitória enfatiza a necessidade de “leis mais rígidas”.

No vídeo da Polícia Rodoviária Federal, feito no Cetas de Cruz das Almas, muitos animais não resistem e morrem:

Sobre o autor / Ricardo Melo

Nascido em 1999 em Recife (PE), cresceu observando a diminuição das espécies e o aumento do calor, o que o levou diretamente ao jornalismo ambiental para indagar tais questões. Graduou-se, em 2023, no curso de Jornalismo pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Tem experiências do jornalismo impresso, on-line e radiofônico/podcast, provindas tanto da graduação quanto […]