
Por Marcelo Calazans
Técnico em agropecuária, administrador de empresas e fotógrafo.Foi professor da disciplina Fotografia de Natureza pelo Senac-MS
photoanimal@faunanews.com.br
Hoje vou conversar com você sobre as lentes que eu considero ideais para fotografia de aves. Eu dividi esse assunto em duas partes. Vamos à primeira.
Aves sempre rendem boas fotos, de momentos que podem ser únicos no instante que a fotografia é feita. Mas para que eu consiga registrar essas imagens, realizo alguns procedimentos básicos que me dão a condição necessária para fotografá-los.
Cada espécie é muito particular com relação à comportamento e habitat, mas vale um conceito geral que os fotógrafos de aves sabem bem: aves são animais bem ariscos, com excelente audição e qualquer ruído ou movimento pode assustá-los. E aí, adeus foto! Por isso, antes de separar qualquer equipamento, estudo antes as características das espécies que quero fotografar. Procuro entender qual seu comportamento no meio ambiente e até qual relação determinadas espécies têm com a aproximação do homem, se são muito ariscas ou não. Esse conselho é o principal para quem quer fotografar aves. Conhecer as espécies e seu comportamento é o grande trunfo para conseguir uma grande foto.
É óbvio que nem sempre é possível ter um conhecimento profundo a respeito de todas as espécies de aves, ainda mais no Pantanal, onde registrei essa fêmea da foto ao lado. Mas uma saída que o fotógrafo tem é conversar com os guias locais. Eles sempre têm dicas que podem render excelentes imagens.
Outro conselho para conseguir ótimas fotos de aves é sempre ficar atento ao horário que as espécies começam suas atividades. A maioria começa muito cedo, enquanto o ar ainda não está muito quente. Eu deixo meu equipamento preparado na noite anterior e pronto para minha saída. Vale a máxima de que “Deus ajuda quem cedo madruga”. O fator “acordar cedo” pode criar alguma dificuldade com relação à luz natural, pois muitas vezes chegamos ao local das fotos antes de amanhecer. A dica aqui é sempre ter um bom monopé ou tripé, para capturar imagens em locais com maiores quantidades de sombra nesse horário.

A luz vai melhorando no decorrer da manhã, mas a quantidade de espécies “se exibindo” cai muito. Lembre-se que os melhores horários são os que têm os primeiros raios de sol, como o caso da foto acima.
Mas “bora” falar sobre as lentes. Como eu disse, aves são sempre atentas a qualquer movimento visível, por isso utilizo uma lente do tipo teleobjetiva para conseguir registrar as fotos. Lembrando que esse tipo de lente serve para fotografar à longa distância. Eu, no momento, uso a Sigma 150-500mm f/5-6.3, padrão Nikon. Mas se você quiser aquelas imagens com desfoques intensos, nitidez profunda e alta luminosidade nas condições mais adversas, a lente recomendada para atender a esses objetivos é a 70-200mm f/2.8 – originais da marca da sua câmera ou as “paralelas” (depende do seu bolso). Você já deve ter visto fotos feitas com esse tipo de lente, que é a “queridinha” dos fotógrafos. Ela é a mais usada pois tem uma estética de resultados muito interessante e pode oferecer diversas possibilidades de enquadramento.
Além da capacidade de fotografar de longas distancias, essas lentes proporcionam imagens muito nítidas por conta de seus elementos óticos internos, que permitem captar mais detalhes dos assuntos registrados. Essa é uma boa sugestão para iniciar nesse mundo da fotografia de aves – e outros animais.
Mas, e o custo? Para a grande maioria, é proibitivo. E levando isso em conta, no próximo artigo vou passar outros modelos de lentes que também podem ser usadas na fotografia de animais, com valores mais acessíveis. Para terminar, vamos revisar o que abrodamos até aqui:
– além das lentes certas, o fotógrafo de aves deve, sempre que possível, estudar a vida das espécies que quer registrar, ser muito delicado e discreto ao lidar com esses animais e ter um olhar bem desenvolvido para que essas imagens sejam verdadeiras experiências com a natureza e com a fotografia.
Outros assuntos relacionados a lentes para fotografia de natureza, ficam para a segunda parte do artigo, daqui a duas semanas.
Nos vemos lá. Até!