Perda de hábitat, tráfico e confecção de adornos: será o fim das araras bolivianas?

Dimas Marques
  • Dimas Marques

    Editor-chefe

    Formado em Jornalismo e Letras, ambos os cursos pela Universidade de São Paulo. Concluiu o curso de pós-graduação lato sensu “Meio Ambiente e Sociedade” na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo com uma monografia sobre o tráfico de fauna no Brasil. É mestre em Ciências pelo Diversitas – Núcleo de Estudos das Diversidades, Intolerâncias e Conflitos da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, onde pesquisou a cobertura do tráfico de animais silvestres por jornais de grande circulação brasileiros. Atua na imprensa desde 1991 e escreve sobre fauna silvestre desde 2001.

    Fauna News
01 de novembro de 2011
Está na matéria “Amazônia boliviana sem araras?”, publicada em 31 de outubro de 2011 pelo site O Eco:

“Parques naturais da Amazônia boliviana abrigam um total de dez espécies de araras, das 16 que existem no mundo. No entanto, quatro delas enfrentam sérias ameaças para sua conservação devido à caça, perda de habitat e tráfico de animais silvestres, motivos pelos quais hoje são consideradas criticamente ameaçadas pela Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Silvestres Ameaçadas de Extinção (Cites), além de serem parte da lista vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).”


Tráfico de araras-vermelhas
Foto: Mauricio Herrera

 
Entre as ameaças listadas na matéria, a perda de hábitat pela atividade madeireira, a exploração de petróleo e a construção de represas ganha destaque.

“Os parques amazônicos onde existem araras na Bolívia, como o Parque Nacional Manuripi no departamento de Pando, o Noel Kempff em Santa Cruz, a Reserva da Biosfera e Estação Biológica em Beni e o Madidi, em La Paz, não prenunciam um futuro muito bom para a conservação destas esplendorosas aves, consideradas símbolo da beleza e da riqueza animal na Amazônia boliviana.

Isto se dá devido a diferentes obras e projetos, como a construção de represas (Cachuela Esperanza no Rio Beni), estradas (Apolo, La Paz, TIPNIS, Beni e Cochabamba) e explorações petrolíferas (Madidi, La Paz) que causarão a fragmentação de seus habitats naturais, criarão barreiras e alterarão seriamente seu ciclo migratório e de reprodução, ações que finalmente poderiam deixar a Amazônia boliviana sem araras.” – texto de O Eco

Mas o tráfico de animais também está muito presente. E a pressão criminosa (a venda de animais sem autorização, com destaque às espécies em risco de extinção, é ilegal na Bolívia) acontece, principalmente, sobre a Ara macao, conhecida como araracanga ou arara-vermelha, bastante comercializada como bicho de estimação. 

“As intensas e vivazes cores que caracterizam esta bela ave a converteram em uma das mais procuradas e cujos exemplares (tanto filhotes quanto adultos) são facilmente encontrados em diferentes mercados da Bolívia. Sua população é desconhecida, mas estima-se que seja baixa, já que a Cites a catalogou dentro do Apêndice I da lista de espécies ameaçadas.” – texto de O Eco

Lendo a matéria, encontrei muitos pontos em comum com o Brasil. Apesar de o comércio de araras não ser tão escancarado no Brasil e ocorrer às escondidas, a venda desse tipo de ave ainda é bastante comum, como mostram as freqüentes apreensões dos órgãos de fiscalização. Muito similar ao quadro mostrado pela matéria do site O Eco é o tráfico de outras aves (principalmente da ordem dos passeriformes, também conhecidos como aves canoras) nas feiras brasileiras. Os papagaios também são alvo de intenso tráfico, principalmente na entrada da primavera, período em que há o nascimento das ninhadas.

No Brasil, há dados indicando que 82% dos animais traficados são aves e que entre 60% e 70% desse comércio ilegal é voltado para abastecer o mercado interno. O hábito de manter aves engaioladas, que como o Eco mostrou, não é exclusividade nossa, e pelas ações do governo boliviano na gestão das unidades de conservação, a falta de atenção do poder público com as reservas também não.

– Leia a matéria completa de O Eco


As penas das araras são usadas para a confecção de adornos
Foto: Mauricio Herrera
Fauna News

Sobre o autor / Dimas Marques

Formado em Jornalismo e Letras, ambos os cursos pela Universidade de São Paulo. Concluiu o curso de pós-graduação lato sensu “Meio Ambiente e Sociedade” na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo com uma monografia sobre o tráfico de fauna no Brasil. É mestre em Ciências pelo Diversitas – Núcleo de Estudos das […]

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