Pantanal ganha unidade de conservação particular em Mato Grosso do Sul

O Pantanal ganhou mais uma unidade de conservação. O ICMBio criou, em 3 de junho, a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Howard Quigley. São 643,33 hectares de área protegida localizada em Corumbá (MS).

A iniciativa partiu da Panthera, ONG internacional que atua desde 2006 na conservação de felinos e seus hábitats em todo o mundo. O nascimento da nova RPPN contou com a parceria do Projeto Piúva Rosa, da Rainforest Trust, da Pew Charitable Trusts e da Andes Amazon Fund. Entre os objetivos da instituição estão o fortalecimento e criação de áreas protegidas. Ela atua no bioma desenvolvendo pesquisas principalmente com onças-pintadas (Panthera onca) e já possui outras duas propriedades, uma em Mato Grosso e outra em Mato Grosso do Sul, que somam 10 mil hectares.

A propriedade que agora abriga a RPPN Howard Quigley foi adquirida em 2014 e conta com área total de 750 hectares. O nome escolhido para a reserva é uma homenagem ao biólogo estadunidense Howard Quigley, que dedicou quase cinco décadas de sua vida ao estudo de grandes felinos.

Quigley foi o principal entusiasta para a criação desta área protegida. Ele sempre falava sobre a necessidade de consolidarmos a conservação da área por meio de uma RPPN, para garantir a perpetuidade de sua conservação”, ressaltou o biólogo e coordenador de projetos da ONG Panthera, Fernando Tortato.

Howard Quigley realizou seu doutorado no Pantanal na década de 1980 e, juntamente com o pesquisador brasileiro Peter Crawshaw, realizou importantes descobertas sobre a ecologia e conservação da onça-pintada no bioma. O pesquisador faleceu em 2022, época em que a criação da RPPN já estava em planejamento.

Fauna pantaneira ganha com mais hábitat protegido

A criação da RPPN favorece a proteção da fauna e da flora pantaneiras. O monitoramento da área da reserva é realizado pela Panthera Brasil há 15 anos e, além da emblemática onça-pintada, a instituição já registrou 477 espécies de animais silvestres: 365 de aves, 53 de mamíferos, 37 de anfíbios e 75 de répteis.

Dentre as espécies, destacam-se as ameaçadas de extinção como o jacu-de-barriga-castanha (Penelope ochrogaster), o tatu-canastra (Priodontes maximus), a ariranha (Pteronura brasiliensis), a arara-azul-grande (Anodorhynchus hyacinthinus), a anta (Tapirus terrestris), o lobo-guará (Chrysocyon brachyurus), o cachorro-do-mato-vinagre (Speothos venaticus), a queixada (Tayassu pecari), o tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla), além da onça-pintada.

Áreas protegidas formam corredor de proteção de hábitats

A área da RPPN está na confluência do rio Piquiri com o rio São Lourenço e é vizinha ao Parque Estadual Encontro das Águas (MT), local considerado o melhor do mundo para observação de onças-pintadas em vida livre – além de ser o epicentro do ecoturismo pantaneiro. Com a nova reserva, a sub-região do Paiaguás, que é conhecida por apresentar uma das cheias mais intensas do Pantanal, estará, também, protegendo os ambientes mais florestados do bioma.

Proteção de áreas e os incêndios no Pantanal

A área da RPPN foi afetada pelos incêndios de 2020 e 2023. Para minimizar os impactos do fogo sobre a área e sobre a fauna ali presente, Tortato contou que a Panthera Brasil tem trabalhado no treinamento dos ribeirinhos e funcionários das fazendas vizinhas, além de investir na compra de equipamentos para sua brigada de incêndio, como caminhão-pipa e bomba-flutuante. “A vegetação da RPPN não é adaptada ao fogo, então, estamos fazendo todos os esforços possíveis para evitar que os incêndios a atinjam”, completou.