Por Elisângela de Albuquerque Sobreira
Médica Veterinária e mestre em Ecologia e Evolução pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e doutora em Animais Selvagens pela Universidade Estadual Paulista (Unesp/Botucatu). Já foi Gerente do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Anápolis (GO), onde fundou e mantém o Centro Voluntário de Reabilitação de Animais Selvagens (CEVAS)
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A leptospirose é uma doença contagiosa que acomete os animais, inclusive o homem, e ocorre devido à infecção por bactérias do gênero Leptospiras. As infecções nos gambás podem ser assintomáticas ou resultar em uma variedade de alterações incluindo febre, icterícia, hemoglobinúria (presença de sangue na urina), aborto e morte. Nos seres humanos são descritos quadros de febre, miosites (inflamação nos músculos), falência renal e hepática, hemorragias e morte.
Após a infecção aguda, as leptospiras frequentemente localizam-se nos rins e são excretadas pela urina, às vezes em grandes quantidades por meses ou anos. A leptospirose é essencialmente uma doença transmitida pela água, pois as bactérias sobrevivem na superfície da água por longos períodos.
A infecção é adquirida pelo contato da urina contaminada dos gambás com a pele ou mucosa e menos frequentemente pela ingestão de água ou alimentos contaminados com urina.
O método sorológico comumente utilizado para diagnóstico em humanos inclui o teste de aglutinação microscópica, ocasionalmente o Elisa e o teste de fixação de complemento. O diagnóstico clínico também pode ser confirmado pela observação dos agentes, em cortes de rim e fígado, corados pelo método de impregnação por prata. As leptospiras não se coram com colorações comuns. As amostras teciduais recentes de fígado e rim, ou sedimento da urina centrifugada, podem ser examinadas com conjugados fluorescentes específicos ou por microscopia de campo escuro. Deve-se observar a motilidade característica para identificação positiva sob microscopia de campo escuro.
O tratamento com antibiótico nos animais é efetivo durante os 7 a 10 dias da infecção, reduzindo dessa forma o avanço dos sinais e a presença de seqüelas. Os antibióticos de escolha para a maioria das espécies são penicilina benzatina, eritromicina, doxiciclinas e tetraciclinas.
Vale ressaltar a importância dos gambás de vida livre como controladores biológicos de ratos, baratas e escorpiões. Eles são animais silvestres protegidos pela Lei n° 9.605/98 (Lei de Crimes Ambientais), portanto, maltratar estes animais e retirá-los da natureza para serem criados como animais de estimação é crime ambiental.