Por Elisângela de Albuquerque Sobreira
Médica veterinária, mestre em Ecologia e Evolução pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e doutora em Animais Selvagens pela Universidade Estadual Paulista (Unesp/Botucatu). Já foi Gerente do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Anáplois (GO), onde fundou e mantém o Centro Voluntário de Reabilitação de Animais Selvagens (CEVAS)
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A infecção pelo vírus Herpes tipo B é extremamente rara, mas pode levar a graves danos cerebrais ou à morte se você não receber tratamento imediatamente. As pessoas normalmente são infectadas se forem mordidas ou arranhadas por um macaco portador do vírus ou tiver contato com os olhos, nariz ou boca (saliva) do macaco. Apenas um caso foi documentado de uma pessoa infectada que transmitiu o vírus B para outra pessoa.
As infecções pelo vírus B nas pessoas geralmente são causadas por macacos do gênero Macaca – que não sãonativos do Basil, mas existem em zoológicos e mantenedouros de fauna. Esses tipos de macacos são comumente infectados pelo vírus B, mas geralmente não apresentam sintomas ou têm apenas doenças leves. Outros primatas, como chimpanzés e macacos-prego, podem ser infectados pelo vírus B e frequentemente morrem por causa dessas infecções.
O herpes B é para macacos o que a herpes simples (bolhas de febre) é para os seres humanos. Nesses animais, o herpes B causa úlceras e bolhas (vesículas) na língua e nas bordas dos lábios. Ocasionalmente, essas úlceras se formam na face ou nos órgãos genitais. Elas desaparecem entre 7 e 14 dias, mas o vírus não deixa seus corpos.
Os macacos-mãe parecem não espalhar esse vírus para os filhos antes do nascimento. Em uma pesquisa, quase 100% dos macacos em cativeiro com mais de 2,5 anos mostraram evidência de infecção, enquanto apenas 20% daqueles com menos de 2,5 anos o fizeram.
Nos macacos, também é uma doença sexualmente transmissível.
Nos seres humanos, o período de incubação da doença varia de 2 dias a 5 semanas.
Os sintomas geralmente começam dentro de um mês após o organismo ser exposto ao vírus B, mas podem aparecer em menos de três a sete dias. As primeiras indicações da infecção são, geralmente, sintomas semelhantes aos da gripe: febre e calafrios, dor muscular, fadiga e dor de cabeça. Em seguida, pode ocorrer o desenvolvimento de pequenas bolhas na ferida ou área do corpo que teve contato com o macaco.
Outros sintomas podem ser falta de ar, náusea, vômito, dor abdominal e soluços. À medida que a doença progride, o vírus se espalha e causa inflamação (inchaço) do cérebro e da medula espinhal. Isso pode levar a sintomas neurológicos e inflamatórios (dor, dormência, coceira) perto do local da ferida, além de problemas com a coordenação muscular, lesões cerebrais com danos graves ao sistema nervoso e morte.
Os problemas com a respiração e a morte podem ocorrer de um dia a três semanas após o aparecimento dos sintomas. Pode ser possível que as pessoas tenham uma infecção leve pelo vírus B ou nenhum sintoma. No entanto, não existem estudos ou evidências disso.
Não existem vacinas que possam proteger humanos contra a infecção pelo vírus B. Se estiver em um local onde haja macacos, ficar longe deles para não ser mordido ou arranhado é a melhor forma de evitar a contaminação. Não toque ou alimente esses animais.
Para quem trabalha em laboratórios, o vírus também pode ser encontrado em em células provenientes de um macaco infectado. O vírus B pode sobreviver por horas nas superfícies, principalmente quando úmidas.