
Por Jefferson Leite
Veterinário especialista em Perícia Médica Veterinária e em Saúde Pública, coordenador do Núcleo de Prevenção e Controle de Arboviroses do Centro de Controle de Zoonoes de Mogi das Cruzes (SP) e clínico de animais domésticos e silvestres.
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A febre amarela tem tomado os noticiários nos últimos dias. As diversas mortes e notificações de casos suspeitos, ocorridas principalmente em Minas Gerais, têm preocupado as autoridades de saúde, pois há riscos de haver a transmissão urbana da doença, coisa que não acontece desde 1942.
A circulação silvestre do vírus amarílico é comum em áreas endêmicas e ocorre entre os seus reservatórios naturais (principalmente os primatas) e os seus vetores, mosquitos do gênero Haemagogus e Sabethes.
O homem adquire a doença de forma acidental, adentrando em áreas de mata onde está havendo a circulação do vírus. Já a forma urbana da doença acontece quando um humano com o vírus circulando em seu organismo é picado por mosquitos do gênero Aedes. Nesse caso, a doença ocorre na seguinte sequência: humano com viremia (vírus no sangue) – mosquito Aedes – humano saudável.
A febre amarela não é transmitida de forma direta e para haver infecção é necessária a presença do vetor, portanto, os macacos também são vítimas e, do ponto de vista epidemiológico, são considerados sentinelas da doença, uma vez que os casos humanos sempre são precedidos de epizootias nos primatas e mortes suspeitas desses, sendo, portanto, um alerta de um possível aparecimento de casos em pessoas.
Até o presente momento, não houve a transmissão urbana da febre amarela nesses locais com elevados números de casos. Além disso, a infecção pelo vírus amarílico é prevenida com vacina, portanto, quem mora, circula, viaja ou pretende viajar para áreas endêmicas tem que se imunizar. Pessoas que não estão nessas áreas ou não vão para lá não devem ser vacinadas, pois a imunização não é isenta de riscos à saúde.
Vale lembrar ainda, que inúmeros trabalhos científicos correlacionam essas epidemias humanas de febre amarela silvestre com a intensa ação de exploração e destruição de ambientes naturais pelo homem. O que se sabe por enquanto é que um número muito alto de macacos, de várias espécies, inclusive ameaçadas de extinção, estão morrendo nessas regiões e, infelizmente, o futuro de algumas delas é incerto.