Médica Veterinária e mestre em Ecologia e Evolução pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e doutora em Animais Selvagens pela Universidade Estadual Paulista (Unesp/Botucatu). Já foi Gerente do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Anápolis (GO), onde fundou e mantém o Centro Voluntário de Reabilitação de Animais Selvagens (CEVAS)
nossasaude@faunanews.com.br
Atualmente, são identificadas várias infecções humanas que eram desconhecidas e a reemergência de outras que anteriormente tinham sido controladas. Os principais motivos que ocasionam a reemergência são o comportamento social, a pressão demográfica com expansão agrícola, o tráfego aéreo translocando vetores e indivíduos infectados, a importação de animais infectados, as alterações ecológicas como construções de rodovias e barragens e o declínio do sistema de saúde com reduções de recursos e de infraestrutura para o combate de zoonoses.
O vírus ebola foi descoberto em 1976, quando as manifestações da febre hemorrágica ocorreram no Sudão do Sul e no antigo Zaire, hoje República Democrática do Congo, através do contato com carcaças de macacos. Este vírus possui alta taxa de mortalidade, matando 90% das pessoas infectadas. Em 2014, a Organização Mundial da Saúde declarou o surto na África ocidental como “emergência de saúde pública de alcance mundial”, pois morreram aproximadamente 1.500 pessoas e 3 mil ficaram contaminadas. O atual surto no leste da República Democrática do Congo começou em 2018, tendo cera de 1.600 pessoas mortas pelo vírus.
As vias de transmissão são por contato, contato sexual e ingestão de carnes de macacos, antílopes e morcegos. O vírus está presente em morcegos que não desenvolvem a doença, mas podem transmiti-la. Alguns animais como os javalis, ouriços-cacheiros e os macacos podem se alimentar de frutas contaminadas pela saliva dos morcegos e infectarem os seres humanos que consumirem suas carnes. Após a contaminação, os seres humanos podem transmitir entre si o vírus através da saliva, sêmen, lágrima, suor e sangue, mesmo depois de mortos.
Os principais sintomas são dor de garganta, tosse, febre acima de 38,3°C, fraqueza, forte dor de cabeça, vermelhidão nos olhos, inchaço dos genitais, enjoos, vômito e diarreia com sangue, dores musculares, falência múltipla de órgãos, hemorragia pelo nariz, ouvido, boca e regiões íntimas, mancha de sangue na epiderme e coma.
Não há vacina contra ebola. O tratamento é paliativo e inclui a hidratação, a alimentação adequada, analgésicos, oxigenoterapia e controle da febre. O isolamento no hospital é importante para se evitar a propagação do vírus.
As principais medidas de prevenção são evitar áreas de surto, higienizar as mãos adequadamente, não comer “carne de caça”, não ter contato com fluidos corporais de pessoas infectadas, se afastar de pessoas contaminadas e mortas pelo ebola, utilizar equipamentos de proteção individuais (EPIs) como luvas de borracha, máscaras e roupas de borracha quando entrar em contato com pessoas e locais infectados, desinfectando-as após o uso, e queimar vestimentas das pessoas mortas pelo ebola.