Por Elisângela de Albuquerque Sobreira
Médica Veterinária e mestre em Ecologia e Evolução pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e doutora em Animais Selvagens pela Universidade Estadual Paulista (Unesp/Botucatu). Já foi Gerente do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Anápolis (GO), onde fundou e mantém o Centro Voluntário de Reabilitação de Animais Selvagens (CEVAS)
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As zoonoses, doenças transmissíveis ao homem e aos animais, continuam a ter taxas de incidência elevadas e causam morbidade e mortalidade significativas.
O movimento de pessoas e animais por grandes distâncias, o desmatamento, as construções de condomínios residenciais próximos de matas aumentam o risco de introdução de doenças silvestres que podem se estabelecer devido os fatores ecológicos apropriados para a existência dos agentes etiológicos. Hoje, os profissionais da saúde pública devem estar familiarizados com a distribuição geográfica e as manifestações patológicas dos vários agentes infecciosos para que possam reconhecer e trabalhar na prevenção.
Os carrapatos podem carrear diversas enfermidades e, dentre elas, a anaplasmose. O controle dos ectoparasitos é de grande importância médica e econômica, já que é bastante complicado pelo fato de ser encontrados em árvores, arbustos ou gramíneas.
A anaplasmose é transmitida pelo carrapato de animais silvestres e causada pela bactéria Anaplasma phagocytophilum. Os sinais clínicos nos animais são anorexia, letargia, febre, vômito, anemia crônica e poliartrite. Nos seres humanos, são dor de cabeça, febre, dores musculares, náuseas, calafrios, tosse ou confusão. Nos casos mais agravantes há sangramento, insuficiência renal ou problemas respiratórios e neurológicos.
O tratamento é realizado por antibioticoterapia.
Como forma de prevenção, recomenda-se o uso de repelentes ao adentrar a mata, além do uso de camisa de mangas longas, calça comprida, chapéu, roupa clara e sempre caminhar na parte central da trilha para evitar a fixação dos carrapatos. Ao manusear animais selvagens, deve-se observar se há a presença de ectoparasitos e, em caso positivo, iniciar o tratamento com antibióticos específicos para cada espécie.
A investigação epidemiológica de campo é de extrema importância para conservação dos animais selvagens, evitando que várias espécies entrem em risco de extinção.