ONG reabilita três mil animais no Ceará em dois anos

Três mil animais silvestres vítimas do tráfico de fauna foram reabilitados pela ONG cearense Instituto Pró-Silvestre (IPS) em dois anos de atividades. E o número não surpreendeu a equipe da entidade, que mantém em Fortaleza uma infraestrutura com 10 recintos planejados para reabilitar, principalmente, psitacídeos como papagaios e araras, e apoia os trabalhos desenvolvidos no Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do Ibama no Estado.

Antes da existência do IPS, com Cetas do Estado fechado e sem outra opção para enviar os animais à reabilitação, restava aos órgãos fiscalizadores algumas opções: destinação dos animais a zoológicos e a criadouros comerciais, ou deixá-los com os próprios traficantes”, explica a advogada e co-fundadora do instituto, Karine Montenegro.

O Instituto Pró-Silvestre iniciou suas atividades em 2022 apoiando os órgãos do poder público que atuam no Ceará no resgate, manejo, reabilitação e destinação de animais selvagens vítimas do tráfico de fauna, além de atuar em pesquisa e conservação da fauna no Estado. A organização sem fins lucrativos foi idealizada por duas mulheres, a bióloga e gestora ambiental Eliziane Holanda e a advogada Karine Montenegro, motivadas pelos problemas relacionados ao comércio ilegal de silvestres e pela necessidade do Ceará de melhorias no processo de reabilitação e possível reintrodução de espécimes na natureza.

Os dez recintos da sede do IPS estão em uma área de 2.400 m² e abrigam, principalmente, aves. “Recebemos diversas espécies de psitacídeos e passeriformes em geral, especialmente as que temos projetos de reintrodução, como a jandaia-verdadeira, o papagaio-verdadeiro, a arara-vermelha e a maracanã”, explica Karine.

Os profissionais do instituto também realizam atendimento veterinário, por meio dos também co-fundadores Marcelo Jucá e Bruno Pessoa, e participam, em conjunto com as equipes do Ibama e da Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace), da reabilitação de animais no Cetas do Ibama. O Cetas recebe uma variedade grande de espécies, como onças-pardas (Puma concolor), macacos-pregos (Sapajus sp.), saguis-de-tufo-branco (Callithrix jacchus), gambá-de-orelha-branca (Didelphis albiventris), gato-mourisco (Puma yagouaroundi), gato-do-mato (Leopardus tigrinus), além de aves de rapina, serpentes, cágados, guaxinins, entre outros.

O IPS ainda atua na formação de estudantes de universidades e instituições parceiras, com o repasse de informações sobre caça, tráfico de fauna e o manejo de animais nessas circunstâncias, além de ações de educação ambiental em escolas e comunidades do interior do Ceará.

Segunda chance para os animais traficados

De acordo com a Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente cearense (DPMA), as operações de combate ao tráfico de animais silvestres aumentaram em 300% após o início dos trabalhos da entidade. Segundo Karine, a intensificação dos trabalhos de repressão ao comércio ilegal de fauna é consequência da existência de locais apropriados para reabilitar os animais apreendidos, já que o Cetas do Ibama, então único espaço com essa função no Estado, estava fechado.

Como os animais chegam ao IPS

De acordo com a bióloga e co-fundadora do IPS, Eliziane Holanda, o instituto recebe animais apenas dos órgãos ambientais do Sistema Nacional de Meio Ambiente (Sisnama), tais como Ibama, Semace, DPMA e Polícia Militar Ambiental. “Orientamos que as pessoas procurem esses órgãos, que irão nos acionar”, explica.

Colabore com o Instituto Pró-Silvestre

O IPS lançou cinco modelos de camisetas com frases de reflexão sobre os problemas que assolam a fauna silvestre e seus hábitats. Elas podem ser compradas pelo site do Instituto ou pela página do Instagram.