A matéria vale ser publicada na íntegra:
“Um filhote de onça-pintada está sob cuidados da estudante Karine Britto, 17 anos, em Barcelos (distante a 396,36 km de Manaus), no Amazonas. O animal foi encontrado na tarde de quinta-feira (4) sob a posse de uma mulher que tentava vendê-lo. A estudante informou ao Portal Amazônia que ouviu um homem propor a compra do animal para posteriormente comercializá-la. Indignada, ela e a mãe resolveram comprar o filhote e procuraram pelo 3º Batalhão de Infantaria de Selva (3º BIS) para saber como proceder com o animal.
"Uma ribeirinha que não quer se identificar achou ela em um pedacinho de terra, tipo uma ilha. Como estamos na cheia, ela achou que o animal ia se afogar, até porque não tinha sinais da mãe por perto. Íamos comprar peixe quando eu e minha mãe vimos que ela estava vendendo", contou.
De acordo com a estudante, um homem mostrou interesse em comprar o animal para comercializá-lo. "Olhei para minha mãe e disse que não poderia deixar isso acontecer. Ela concordou, então compramos e procuramos ajuda", relatou. O valor pago foi de R$ 300. Karine buscou orientações de como cuidar do filhote, que mostrava medo, com uma amiga e estudante de medicina veterinária.
A jovem procurou ajuda com o 3º Batalhão de Infantaria de Selva (3º BIS), que a orientou a conversar com o tenente coronel Klinson, que chegaria neste sábado (6), ao quartel. No entanto, no final da tarde desta sexta-feira (5), a jovem conseguiu contato com o coronel, que afirmou não ser possível cuidar do animal. "Com apoio dele entramos em contato com o CIGS, em Manaus, e a oncinha irá na segunda-feira (8) para lá, onde ela poderá viver na companhia de outros da sua espécie", informou.
O Portal Amazônia tentou contato com o Batalhão através do telefone (97)3321-XXXX, mas não obteve resposta até o fechamento desta matéria.
Como proceder?
De acordo com o Tenente Libório, do Batalhão de Polícia Ambiental (BPAmb), em Manaus, o caso se enquadra em flagrante de crime ambiental e nesses casos a denúncia deve ser realizada diretamente à Polícia Militar ou pelo número 190.
O tenente informou ainda que os órgãos indicados para lidar com este tipo de situação são o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam). "O ideal é que ela viesse à capital com o animal. Mas deveria procurar direto pelo Ibama, que tem a estrutura para esse tipo de resgate, com técnicos e veterinários que são acostumados com esses animais", indicou. Em Manaus, o telefone do Ibama é (92) 3878-7100 e do Ipaam (92) 2123-6774.
Sobre o apego criado com o filhote, Karine conta que tem consciência que o animal não é doméstico e que mesmo que sinta falta, o melhor é encaminhá-lo para o local adequado. "Nós ficamos com medo de alguém comprar pra comercializar ou devolver para a selva porque ela é muito pequena. Ela está em um quarto antigo da minha irmã e toma leite na mamadeira. Vou sentir falta, mas a gente sente que fez algo certo, pois não podia deixar ela lá porque não sabemos a verdadeira intenção das outras pessoas", afirmou.” – texto da matéria “Filhote de onça é encontrado em Barcelos, no Amazonas”, publicada em 5 de junho de 2015 pelo Portal Amazônia
Os vários problemas apresentados na matéria merecem ser analisados.
Primeiramente, há uma aparente falta de fiscalização contra a venda ilegal de animais silvestres. Tal conclusão é possível pelo fato de haver uma pessoa comercializando uma onça de maneira aberta, sem aparentemente tentar esconder-se. Vale destacar: não se trata da venda de passarinhos, mas de um filhote de onça-pintada!
Outro problema é a boa intenção da adolescente que comprou o animal. Ao adquirir a oncinha, ela acabou incentivando a infratora a vender mais animais sempre que tiver essa oportunidade. O correto seria denunciar essa mulher (a vendedora) e o poder público (PM, PM Ambiental ou Ibama) ter estrutura para atender a demanda com eficiência – o que não acontece em praticamente todo o Brasil.
A situação agrava-se pelo fato de o poder público novamente mostrar-se ineficiente e não ter condições para resgatar com rapidez o animal na casa da estudante. A declaração do tenente Libório, da PM Ambiental, comprova isso. Vale destacar:
“O tenente informou ainda que os órgãos indicados para lidar com este tipo de situação são o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam). "O ideal é que ela viesse à capital com o animal. Mas deveria procurar direto pelo Ibama, que tem a estrutura para esse tipo de resgate, com técnicos e veterinários que são acostumados com esses animais", indicou.”
A PM Ambiental mostrou-se despreparada para essas ocorrências e empurrou o problema para o Ibama e o Ipaam. Não bastasse jogo de empurra, o tenente da PM Ambiental ainda considerou a hipótese de a estudante viajar 396 quilômetros de Barcelos até Manaus para entregar a onça. É piada de mau gosto!
E tudo isso foi relatado na matéria sem que houvesse qualquer crítica. O Portal Amazônia deveria ter ouvido algum especialista para mostrar toda essa incompetência.
Lamentável.