“Uma onça-parda adulta foi encontrada morta às margens da rodovia Washington Luís, em Matão, região norte do Estado, na segunda-feira, 8. O felino, com 1,55 m de comprimento, pesando cerca de 70 quilos, foi avistado por um morador próximo do distrito de São Lourenço do Turvo. A onça, também conhecida como suçuarana, apresentava ferimentos causados por atropelamento.
A concessionária da rodovia recolheu o animal e o encaminhou ao Hospital Veterinário da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Jaboticabal. Foi o segundo atropelamento desse felino na região em um mês. No dia 10 de maio, uma onça-parda foi encontrada ferida à margem da rodovia Brigadeiro Faria Lima, em Bebedouro. O animal adulto chegou a ser levado para o Hospital Veterinário de São José do Rio Preto, mas precisou ser sacrificado em razão da gravidade das lesões.
De acordo com a Polícia Ambiental de Bebedouro, desde o início do ano quatro onças-pardas foram vítimas de atropelamento na região. No sudoeste do Estado, a Associação Protetora de Animais Silvestres de Assis (Apass) recebeu duas onças feridas. Segundo a entidade, os atropelamentos aumentam nesta época em razão das queimadas – os felinos invadem as rodovias fugindo do fogo. A onça parda se adaptou aos canaviais, o que aumenta o risco, já que em algumas regiões a colheita da cana ainda é feita com uso do fogo.” – texto da matéria “Onça-parda é achada morta em rodovia de Matão, interior de SP”, publicada em 9 de junho de 2015 pelo site do jornal Estado de Minas (MG)
Os atropelamentos de onças-pardas, principalmente no interior do Estado de São Paulo, não são novidade. A fragmentação e redução do habitat pela urbanização e a construção de estradas e rodovias estão colocando em risco a espécie.
O problema, além da falta de infraestrutura para reduzir tal impacto (como passagens de fauna, sonorizadores e barreiras para evitar o acesso às rodovias, por exemplo), está no modelo de sociedade que implantamos. As cidades estão crescendo com seus bairros e condomínios sobre as poucas áreas verdes ainda existentes. A indústria automobilística e o poder público incentivam a cultura que valoriza os carros. O resultado é um número cada vez maior de animais mortos por atropelamentos.
Somente no Brasil, estima-se que 475 milhões de bichos percam suas vidas nessas circunstâncias – dado do Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE). Desse total, 1% dos animais vitimados são grandes vertebrados como onças-pardas, lobos-guarás, onças-pintadas, antas e capivaras.
Essa matança, infelizmente, vai continuar. É fato. Cabe ao poder público e às concessionárias que administram as rodovias se mexerem para reduzir o massacre – o que inclui educar os motoristas.