“Tratada como mascote em um garimpo no Estado do Pará, uma onça-pintada foi apreendida por agentes ambientais e viajou mais de 3 mil quilômetros para receber tratamento em Jundiaí, no interior de São Paulo. Na ONG Associação Mata Ciliar, o espécime macho de felino, ameaçado de extinção na natureza, será mantido à distância do homem e observado por câmeras 24 horas por dia para, possivelmente, voltar a viver em liberdade na floresta.
A onça foi resgatada por agentes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no garimpo Porto Novo, no município de Novo Progresso, sudoeste paraense, após uma denúncia.
Para que não comesse animais domésticos, o felino ficava parte do tempo preso por uma corrente. Imagens da onça amarrada, postadas na internet, foram monitoradas pelos agentes ambientais.(…)
A coordenadora de fauna da Associação, Cristina Harumi Adania, conta que a onça era tratada como mascote dos garimpeiros, que a chamavam de Felipe.
Provavelmente, o felino tenha sido apanhado ainda filhote, mas era mantido solto e saía para caçar. Ele passou a ser acorrentado depois de atacar porcos e galinhas criados pelos garimpeiros.” – texto da matéria “Onça é resgatada de garimpo no Pará e viaja 3 mil km para ser tratada”, publicada em 13 de julho de 2015 pelo site do jornal Estado de Minas (MG)
Apesar de não se tratar de tráfico de animais, a raiz do problema que envolve o caso da onça Felipe é a mesma: o hábito de criar animais silvestre como bichos de estimação. Tal cultura é responsável pela maior parte das capturas de bichos na natureza no Brasil, o que representa, de acordo com estimativa de 2001 da Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (Renctas), 38 milhões de animais (sem contar peixes e invertebrados).
Enquanto a população não for sensibilizada dobre o problema e conscientizada a não mais capturar ou comprar animais silvestres para mantê-los como pets, casos como de Felipe e de milhões de bichos vendidos ilegalmente em feiras, depósitos, lojas e sites continuarão a ocorrer.
Tal comportamento é responsável por casos de crueldade, por ecossistemas desequilibrados e pela transmissão de doenças (zoonoses) na sociedade. Por um capricho egoísta, pessoas prendem pássaros em gaiolas, papagaios em poleiros e macacos em correntes e causam uma infinidade de problemas.
Mas o poder público é omisso e não trata a questão com responsabilidade. Quando muito, o tráfico e quem criar ilegalmente silvestres é alvo de fiscalizações, o que não significa haver punição exemplar (já que a legislação é fraca). Sem educação ambiental não haverá mudança de comportamento.
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