Por Luciana Ribeiro
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Nomes populares: peixe-boi-da-amazônia, peixe-boi-amazônico
Nome científico: Trichechus inunguis
Estado de conservação: “vulnerável” na lista vermelha da IUCN e na Lista Nacional Oficial de Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção
Olhe bem para o peixe-boi-da-amazônia. Ele lhe lembra algum outro bicho? (O peixe-boi-marinho não vale). Lembrou um elefante? Faz sentido, afinal esses dois animais têm um ancestral longínquo em comum. E não esqueça que, assim como o elefante, o peixe-boi é um mamífero. O peixe-boi-amazônico é o menor das quatro espécies de peixe-boi existentes no mundo e o único que vive apenas em água doce.
O peixe-boi não é um feroz predador, como seu enorme tamanho (300 kg e 2,5 m) pode fazer pensar. Ao contrário, é um herbívoro muito dócil que se alimenta de algas, aguapés e capim aquático. E como se alimenta! Assim como seu parente marinho, ele passa até oito horas comendo e consome o equivalente a até 10% de seu peso por dia. Ele armazena boa parte dessa comida em forma de gordura no corpo para garantir suas necessidades energéticas na estação seca, quando a comida fica escassa.
Nessa época, ele sai dos pequenos igarapés onde normalmente vive solitário e vai para os grandes rios se juntar a grupos de quatro a oito indivíduos. Enquanto os peixes-bois-marinhos nadam tanto no mar quanto em águas doces, o peixe-boi-da-amazônia muito raramente vai a águas salgadas.
Quando não está comendo, o peixe-boi está dormindo. Ele passa metade do seu dia dormindo dentro da água. Um sono que é interrompido a cada 25 minutos, pois, por ser um mamífero, precisa ir à superfície para respirar. Esse intervalo é bem menor, de um a cinco minutos, quando ele está acordado.
A espécie tem um ciclo reprodutivo lento. A fêmea procria apenas a cada quatro anos e gera um único filhote após uma longa gestação de 13 meses. O filhote é amamentado por cerca de dois anos e aprende com a mãe a nadar, comer e subir à superfície para respirar.
O longo ciclo reprodutivo contribui para a dificuldade de conservação da espécie. Mas o problema, é claro, não é esse e sim a caça e a degradação de seu habitat. O peixe-boi tem um couro grosso que é uma proteção contra predadores naturais. Mas não contra o homem, que caça este animal com interesse pela sua carne, seu óleo e seu couro.
Acredita-se que entre 1780 e 1925 foram mortos, por ano, entre mil e dois mil peixes-bois-da-amazônia. Entre 1935 e o início da década de 60, foram mortos entre quatro e dez mil indivíduos. Hoje, apesar de proibida, a caça ainda existe, o que faz com que o estado de conservação da espécie seja considerado vulnerável.