Por Luciana Ribeiro
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Nomes populares: pato-mergulhão, patão e pato-mergulhador
Nome científico: Mergus octosetaceus
Estado de conservação: “criticamente em perigo” na lista vermelha da IUCN e “criticamente em perigo” na Lista Nacional Oficial de Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção
Se você encontrar um pato-mergulhão nadando em um rio, pode ter certeza de que aquela água é muito limpa. Só que está cada vez mais difícil para os patos-mergulhões encontrarem água limpa para nadarem. Esta ave só sobrevive em ecossistemas equilibrados, onde existam cursos d’água limpos e transparentes.
Só que a gente sabe que cursos d'água assim são cada vez mais raros, dada a degradação ambiental causada por desmatamentos, uso de pesticidas, mineração e construção de barragens, entre outros geradores de impactos. Com isso, não é de se espantar que o pato-mergulhão seja classificado como “criticamente em perigo” pelas instituições de estudo do estado de conservação da fauna.
Os poucos exemplares da espécie que restam – estima-se que sejam cerca de 250 indivíduos – podem ser encontrados em algumas áreas da Argentina, do Paraguai e do Brasil. Aqui, eles habitam o cerrado. Uma pequena parte deles é vista na chapada dos Veadeiros, em Goiás, e no Jalapão, no Tocantins. O maior grupo vive na serra da Canastra, em Minas Gerais, numa região próxima à nascente do rio São Francisco, que ali apresenta as condições ideais para os patos-mergulhões. A boa notícia é que nos últimos anos foi contabilizado um aumento na população desses patos na região da Canastra.
Reconhecer um pato-mergulhão não é difícil. Ele possui um longo penacho bem característico que sai do topo da cabeça e, diferente dos patos comuns, que têm o bico largo e chato, tem o bico longo, fino e serrilhado nas bordas. Mede cerca de 50 cm e pesa por volta de 800 g. É chamado de mergulhão ou mergulhador porque usa o mergulho para capturar pequenos peixes e invertebrados aquáticos, base de sua alimentação.
Os patos-mergulhões são monogâmicos e o casal permanece junto durante todo o ano. Chocam até oito ovos por ninhada e constroem seus ninhos em ocos de árvores, fendas em paredões rochosos e buracos em barrancos próximos das margens de rios e riachos. Nesses lugares, os ovos ficam livres de predadores.
E se você realmente avistar um pato-mergulhão por aí, considere-se duplamente sortudo: por estar em um ecossistema conservado e por ter a oportunidade de ver um bichinho que, além de raro, é muito arisco.