Por Luciana Ribeiro
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Nome popular: ainda não definido
Nome científico: Neoceroplatus betaryiensis
Estado de conservação: não consta na lista vermelha da IUCN nem na Lista Nacional Oficial de Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção
A descoberta de novas espécies nos biomas brasileiros não para, o que prova a riqueza de nossa biodiversidade e a importância da conservação desses sistemas. Recentemente, falamos aqui sobre o Mico-munduruku, descoberto na Amazônia, e sobre a Helicops boitata, uma nova espécie de serpente encontrada no Pantanal.
Agora é a vez da Mata Atlântica nos presentear com uma espécie desconhecida até muito pouco tempo atrás. A nova espécie é um mosquito, batizado de Neoceroplatus betaryiensis, que tem uma característica muito peculiar e inédita na América do Sul. As larvas desse mosquito emitem luz azul, uma particularidade até então só identificada em espécies da América do Norte, Nova Zelândia e Ásia. No nosso continente são conhecidos vários insetos e fungos bioluminescentes, mas todos emitem luzes verdes, amarelas ou vermelhas.
A larva do Neoceroplatus betaryiensis foi encontrada durante uma coleta de cogumelos na Reserva Betary – daí o nome betaryiensis -, uma reserva particular de Mata Atlântica no município de Iporanga, ao lado do Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira, no sul do estado de São Paulo, que abriga boa parte das espécies de cogumelos bioluminescentes do mundo.
As larvas, com menos de 2 cm de comprimento, vivem escondidas em troncos e só elas emitem luz. Quando adulto, o mosquito perde essa característica. A emissão de luz é feita por três órgãos presentes no corpo da larva, sendo um na cauda e os outros dois próximos aos olhos.
A expedição de coleta teve a participação de biólogos do Instituto de Pesquisas da Biodiversidade (IPBio), organização que administra a Reserva Betary e faz pesquisas na propriedade. O artigo que descreve a nova espécie foi publicado em conjunto com pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFScar), da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP).
A descoberta dessa nova espécie emissora de luz azul não é importante só em termos de conhecimento da biodiversidade. Ela possibilita o estudo de um novo sistema de bioluminescência, o que pode ajudar em novas aplicações analíticas ou biotecnológicas, como marcação de células ou genes específicos em estudos biológicos ou biossensores de poluição.