Por Luciana Ribeiro
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Nome popular: mico-leão-preto
Nome científico: Leontopithecus chrysopygus
Estado de conservação: “em perigo” na lista vermelha da IUCN e na Lista Nacional Oficial de Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção
Ele é um símbolo de esperança quando se fala em sobrevivência de espécies. O mico-leão-preto, espécie endêmica (encontrada apenas nessa região) da Mata Atlântica do oeste de São Paulo, com ocorrência limitada entre os rios Paranapanema e Tietê, foi considerado extinto em 1905. Passados 65 anos ele foi redescoberto. Hoje, sua população é reduzida e bastante fragmentada, mas ele está aí. Essa pequena população é categorizada como "em perigo" e ainda corre o risco de desaparecer, ameaçada pela perda e fragmentação de seu habitat.
O mico-leão-preto é um primata de pequeno porte, um pouco maior que os outros Leontopithecus, e, na verdade, não é totalmente preto, pois costuma ter uma pelagem alaranjada nas patas traseiras. A pelagem abundante ao redor da cabeça dá a impressão de uma juba, daí o "leão" em seu nome popular, mas a cara, as mãos e os pés não possuem pelos. Seu peso varia de 300 g a 700 g e o seu comprimento da cabeça até no final da cauda vai de 60 cm a 70 cm. Cauda, aliás, que não é preênsil, ou seja, não é usada para agarrar nas árvores.
É um animal desconfiado e silencioso, de hábitos diurnos, que vive em pequenos grupos e dorme em buracos nos troncos das árvores. Sua alimentação é composta basicamente de invertebrados, frutos, sementes, flores e pequenos vertebrados como rãs, lagartixas, filhotes de aves. E ele raramente vai ao chão para se alimentar, encontrando praticamente todo o seu cardápio na copa das árvores, onde gosta de viver.
O grupo familiar é formado pelo casal reprodutor e suas duas últimas ninhadas. A fêmea tem uma gestação de cerca de quatro meses e, curiosamente, os nascimentos geralmente ocorrem à noite, no período entre setembro e novembro. Normalmente nascem dois filhotes por ninhada. A mãe carrega os filhotes nas três primeiras semanas e depois é o pai que fica com eles, entregando-os à mãe para mamadas de duas em duas horas. Isso até completarem cerca de três meses, quando são desmamados. Mas vão continuar vivendo junto de seus pais até atingirem a maturidade sexual, o que ocorre por volta dos dois anos.
No início dos anos 80, quando exisiiam apenas 100 micos-leões-pretos vivendo na natureza e a espécie era um dos primatas mais ameaçados do mundo, pesquisadores foram informados que a construção de uma usina hidrelétrica no Pontal do Paranapanema inundaria 10% da área de ocorrência de uma pequena população de micos-leões-pretos, descoberta ali nos anos 70. Esse foi o estopim de movimentos e ações para salvar a espécie, que deram origem ao Programa de Conservação do Mico-leão-preto, que hoje já tem mais de 30 anos. Esse projeto deu origem à organização socioambiental IPÊ (Instituto de Pesquisas Ecológicas), que foi fundada em 1992 e até hoje é responsável pelo plano de conservação da espécie.