Por Luciana Ribeiro
lucianaribeiro@faunanews.com.br
Nomes populares: lobo-guará, guará, aguará, aguaraçu, lobo-de-crina, lobo-de-juba, lobo-vermelho, jaguaperi
Nome científico: Chrysocyon brachyurus
Estado de conservação: "quase ameaçada" na lista da IUCN e "vulnerável" na Lista Nacional Oficial de Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção
As patas longas, finas e pretas dão a ele um certo ar de fragilidade. A pelagem avermelhada do corpo ressalta sua beleza. As grandes orelhas “são para te escutar melhor”, diria o lobo-mau. Mas este lobo não é mau, ao contrário, é tímido, praticamente inofensivo e prefere manter distância dos homens. Ele é o nosso lobo-guará, o maior canídeo sul-americano. Mede cerca de 1 metro de altura, tem entre 95 cm e 115 cm de comprimento e de 38 cm a 50 cm de cauda, pesando entre 20 kg e 30 kg. Vive cerca de 15 anos.
Este animal de hábito solitário e noturno tem como habitat principal no Brasil o Cerrado, mas pode ser encontrado também em regiões da Argentina, Bolívia, Paraguai e Peru. 90% da população de lobos-guará fica em território brasileiro. Mas, recentemente, tem sido encontrado com mais frequência do que se poderia supor no litoral paulista, em áreas de Mata Atlântica, e tem sido visto também em áreas da Floresta Amazônica e do Pantanal. Não, o guará não resolveu fazer turismo. A razão dessas viagens todas é mesmo a devastação do Cerrado. Por ser onívoro e ter uma dieta que pode ser bem variada, não é difícil para o lobo-guará se adaptar em novos ambientes. E assim, enquanto o seu Cerrado vai sendo destruído, lá vai ele atrás da sobrevivência em outros biomas.
O guará possui uma área de vida que varia de 20 km² a 115 km², dependendo da qualidade do habitat disponível e da disponibilidade de recursos. É um animal onívoro generalista, que consome uma grande diversidade de frutos – em especial os da lobeira (Solanum lycocarpum), que tem esse nome exatamente por causa da preferência do guará pelos seus frutos -, pequenos vertebrados, como roedores, marsupiais e tatus, além de aves e répteis. E é um grande dispersor de sementes. Ele as espalha por meio das fezes em todo o seu território e com isso atua ativamente pela manutenção da vegetação.
A espécie é territorialista e usa uma marcação odorífera com urina e fezes para demarcar território e evidenciar sua presença. A vocalização também é utilizada para esse fim, mas não só para isso: os guarás também a usam na comunicação entre casais e na interação com filhotes. Apesar de ser solitário, o lobo-guará pode ser observado em pares na época reprodutiva e durante os primeiros meses da prole, que costuma ser de dois a cinco filhotes.