
Por Luciana Ribeiro
lucianaribeiro@faunanews.com.br
Nomes populares: joão-de-barro, joão-barreiro, barreiro, forneiro, pedreiro, amassa-barro
Nome científico: Furnarius rufus
Estado de conservação: “pouco preocupante” na lista vermelha da IUCN e não consta da Lista Nacional Oficial de Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção
Muitas aves costumam encantar pela beleza. Outras, pelo canto. Já o joão-de-barro criou fama e é admirado pela sua incrível habilidade de manipular o barro para fazer seu ninho. É um construtor nato. Macho e fêmea trabalham em conjunto, indo até o barro, fazendo uma pelotinha do tamanho de um grão de feijão. Depois voam até o local escolhido para a construção com essa pelotinha no bico. Aí vão amassando o barro muito bem. E voltam ao solo para fazer tudo de novo. Esterco e palha ajudam na estrutura da construção.
Ao fim de um período de 18 dias a um mês (conforme a quantidade de chuva e, consequentemente, de barro disponível), a casa fica pronta. Uma bela construção em formato de forno, com cerca de 30 cm de diâmetro, paredes com 5 cm de espessura, pesando em torno de 4 quilos. São dois “cômodos”, separados por uma parede divisória, a entrada – geralmente voltada para o norte para evitar ventos – e a câmara incubadora. É nessa câmara que a fêmea põe 3 ou 4 ovos a partir de setembro.
Se na região não há troncos e forquilhas disponíveis para apoiar o ninho, o joão-de-barro não se aperta, constrói no alto de postes e até em peitoril de janelas. Como o casal não usa o mesmo ninho por duas estações seguidas, está sempre envolvido em novas construções e quando não há mais espaço para a construção de novos ninhos, começa uma certa “especulação imobiliária” que faz surgir ninhos um em cima do outro, em pilhas de até 11 unidades, verdadeiros conjuntos habitacionais.
O joão-de-barro mede cerca de 20 cm e pesa apenas 50 g. Tem uma coloração marrom avermelhado que explica seu nome científico: em latim, furnarius significa padaria, forno de padaria e rufus é vermelho. Habita paisagens abertas das regiões Sul, Sudeste e Centro-oeste do Brasil, além de Argentina, Paraguai, Uruguai e Bolívia.
A alimentação do joão-de-barro é composta principalmente por cupins, formigas e içás que ele coleta no solo, revirando folhas, além de minhocas e outros pequenos insetos e até mesmo alguns restos de alimentação humana, como migalhas de pão.
O seu canto parece uma gargalhada. No Sul dizem que quando ele canta é sinal de bom tempo, já que costuma cantar quando a chuva passa e o barro está pronto para o trabalho.