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Nomes populares: guará, guará-vermelho, guará-rubro e guará-piranga, íbis-escarlate
Nome científico: Eudocimus ruber
Estado de conservação: “pouco preocupante” na lista vermelha da IUCN e sem classificação na Lista Nacional Oficial de Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção.
Várias cidades do litoral brasileiro, como Guaraqueçaba e Guaratuba, no Paraná, Guaratiba, no Rio de Janeiro, e Guarapari, no Espírito Santo, têm seus nomes de origem indígena, associados a um lindo pássaro: o guará. No Brasil, o guará, que ocorre em manguezais da costa norte da América do Sul, vive em duas áreas separadas: desde o Amapá até o Ceará e no litoral do Sudeste e do Sul. Por causa de sua atraente plumagem vermelha, os guarás foram caçados impiedosamente e chegaram perto da extinção. A boa notícia é que pouco a pouco eles começam a ser vistos novamente nos locais onde haviam desaparecido, como os mangues do Lagamar, entre São Paulo e Paraná, e no litoral de Santa Catarina.
A ave, tida como uma das mais bonitas do mundo, foi citada nos relatos do cronista português Pero de Magalhães Gandavo (1540 – 1580), do naturalista e jesuíta português Fernão Cardim (1540 – 1625), do aventureiro alemão Hans Staden (1525 – 1576) e do padre José de Anchieta (1534 – 1597), todos destacando a beleza da cor das penas do pássaro que viam por aqui.
Dono de bico fino, longo e levemente curvado para baixo, o guará tem entre 50 cm e 60 cm de altura e é uma ave pernalta. O vermelho forte da plumagem é resultado de sua alimentação. O guará anda vagarosamente por águas rasas com a ponta do bico submersa, em busca de caranguejos. São esses caranguejos, ricos em carotenos, os responsáveis pela coloração das penas dos guarás. Tanto que, quando criado em cativeiro, o guará muda de coloração, passando para um rosa desbotado.
Os guarás vivem em bandos e voam juntos por distâncias que podem atingir os 70 quilômetros.. Sua reprodução é feita em colônias, com ninhos construídos no alto de árvores nos mangues e lamaçais litorâneos. A fêmea põe dois ou três ovos e o filhote nasce com uma coloração escura, adquirindo o vermelho característico conforme cresce e se alimenta dos crustáceos.
E a linhagem do guará é nobre. Ele faz parte da família Threskiornithidae, que tem cerca de 30 espécies de aves mundialmente conhecidas como íbis. Em muitas culturas, essas aves são consideradas sagradas por causa de seus hábitos calmos e cores vibrantes das penas. Tradicionalmente, entre nossos índios, as penas do guará eram usadas apenas pelos caciques.