Por Luciana Ribeiro
lucianaribeiro@faunanews.com.br
Nome popular: cigarra
Nomes científicos: Carineta fasciculata, Quesada gigas e outras mais de 1.500 espécies
Estado de conservação: não consta na lista vermelha da IUCN nem na Lista Nacional Oficial de Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção
Nas fábulas de Esopo e La Fontaine, a cigarra é retratada como uma irresponsável, que só quer saber de cantar durante o verão, sem pensar nas dificuldades que virão com o inverno. Seu contraponto é a laboriosa formiga, trabalhadora incansável, que não se diverte e garante a segurança de um abrigo quente no inverno.
Mas a vida da cigarra não é só cantar. Aliás, a maior parte de sua vida é passada em total silêncio. A etapa de vida adulta da cigarra, essa da cantoria, dura de um a três meses e acontece entre a primavera e o verão. Os machos adultos emitem o famoso som altíssimo – que pode chegar a 120 decibéis, competindo com o ruído da decolagem de um avião – para atrair as fêmeas e afugentar aves, seus predadores.
Para produzir esse som, o macho é dotado de estruturas abdominais como um saco aéreo traqueal que funciona como câmara de ressonância de membranas vibratórias.
Atraídas pelo irresistível canto, as fêmeas acasalam, colocam seus ovos no tronco das árvores e em seguida morrem. Os machos também não têm vida longa depois do cruzamento.
As ninfas que saem dos ovos caem no chão e entram na terra. É ali, no subterrâneo, sugando a seiva das raízes das árvores que passarão a maior parte de sua vida. De um a 17 anos, conforme a espécie, até que seu exoesqueleto esteja formado. Entre as espécies brasileiras, esse tempo costuma ser de um ou dois anos.
Elas, então, cavam túneis para chegar à superfície e escalam troncos de árvores ou mesmo muros e paredes para se fixarem e se livrarem da carapaça. Esse processo é chamado de metamorfose incompleta, pois a ninfa já é muito muito semelhante ao indivíduo adulto, diferente da metamorfose das borboletas, que apresenta a forma larval e o estágio de pupa, totalmente diferentes do adulto.
A carapaça vazia que fica presa às cascas das árvores não é, como muitos acreditam, resultado de uma "explosão" causada pelo seu próprio canto. Ela é apenas marca do período de transição para a vida adulta da cigarra, quando ela vai voar, cantar e se reproduzir.
A cigarra pertence à família Cicadidae, que abriga vários gêneros e mais de 1.500 espécies. Entre as mais comuns no Brasil estão a Carineta fasciculata e a Quesada gigas. E não há nada de irresponsável na sua conduta. Ela apenas tem um ciclo de vida diferente do da formiga. E do nosso.